E passados 14 anos após o primeiro álbum Funeral e uma meia dúzia de concertos em Portugal, os Arcade Fire deram, finalmente, o seu primeiro concerto em nome próprio.
A festa aconteceu no Campo Pequenoe há muito que tinha esgotado. Claro que estar esgotado é relativo: no próprio dia o OLX tinha bilhetes à venda e aqui o “crítico acidental”, mais uma vez, comprou bilhete à porta uma hora antes do espetáculo.
O ambiente à volta da praça de touros estava bem animado e não faltaram à chamada muitos leirienses, que nestas coisas não perdoam: concertos míticos são connosco. Quem não se lembra daquela praça de touros virada do avesso com o concerto dos Sonic Youth em mil e nove e troca o passo?
Pois, bem sei que as sonoridades são outras, mas este concerto dos Arcade Fire entrou diretamente para a galeria principal do museu lá de casa, onde estão expostos os valiosíssimos ingressos dos Nirvana, David Bowie, The Fall, Sonic Youth, Tricky, Nick Cave, Bruce Springsteen, Rolling Stones, Radiohead, L7, Morphine, Therapy? e outra gente ilustre.
Um concerto memorável com o público a abraçar a banda com o amor que ela merece. Os Arcade Fire têm uma máquina muito bem montada, que de banda indie já tem muito pouco – até é surpreendente como é que é possível um concerto destas super estrelas numa sala para “apenas” cinco mil pessoas – mas talvez tenha sido precisamente a negação desse estatuto que mais surpreendeu.
[LER_MAIS] A proximidade com o público é uma constante, e não foram poucas as vezes em que Win Butler e Régine Chassagne andaram pelo meio da multidão a fazer a festa.
O desfile de músicas não podia ter sido melhor – julgo que foram a todos os álbuns – e é de génio como é que, ao vivo, conseguem colocar ao mesmo nível Everything Now e Wake Up.
A um nível estratósférico, entenda-se. Acima disto só o Bruce Springsteen na Broadway, imagino eu. O funeral já lá vai, agora tudo.
*Promotor musical
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990