Entre 1 de Janeiro e 15 de Julho já foram consumidos pelas chamas 25.122 hectares, no distrito de Leiria, correspondendo a 295 ocorrências. Para este valor contribuiu sobretudo o incêndio de Pedrógão Grande, que deflagrou no dia 17 de Junho, assim como os fogos registados no mesmo dia em Alvaiázere e Figueiró dos Vinhos.
Segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, da análise nacional do índice de severidade diário acumulado desde 1 de Janeiro “verifica-se que 2017 é o quarto ano mais severo desde 2003, abaixo dos anos de 2005, 2012 e 2015”.
No entanto, no caso do distrito de Leiria, o ano de 2005 era, até agora, o mais trágico deste século em relação aos incêndios e área ardida. Durante os 365 dias desse ano arderam 25675 hectares. Para este número contribuíram, sobretudo, os três fogos no início do mês de Agosto, que deflagraram nas freguesias de Colmeias, Cortes e Souto da Carpalhosa, em Leiria, e em 13 das então 17 freguesias de Pombal.
Nestes incêndios não houve mortes a lamentar, mas, pelo menos, 12 casas em Pombal e duas em Leiria foram consumidas pelas chamas.
[LER_MAIS] Na edição de 11 de Agosto de 2005, o JORNAL DE LEIRIA relatava que “sem capacidade de resposta para os inúmeros focos de incêndios que rapidamente se propagaram a todos os concelhos do distrito, coube em muitos casos às populações substituir os bombeiros no combate dos fogos para evitar o pior.
Ainda assim, casas, empresas, animais e pinhal não conseguiram escapar à fúria das chamas, que provocaram ainda cortes rodo e ferroviários.”
De acordo com a Direcção-Geral dos Recursos Florestais, as principais causas apuradas em vários anos de que há registo têm a ver com negligência e fogo posto. Há ainda um número elevado de ocorrências “indeterminadas”.
O pinheiro bravo e o eucalipto são as principais espécies consumidas pelas chamas.
Na segunda-feira, numa conferência de imprensa realizada na Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), o comandante operacional nacional, Rui Esteves, alertou para o facto de actualmente os incêndios terem “um comportamento totalmente diferente devido ao combustível acumulado nas florestas e à ausência de ordenamento” o que faz com que sejam mais severos.
“Sabemos onde começam os incêndios nunca sabemos onde terminam”, disse Rui Esteves, citado pela Agência Lusa dando como exemplo que alguns incêndios este ano, após dez minutos de fogo, chegaram a ter projecções de cerca de 200 metros, algo “impensável no passado”.
O comandante nacional da ANPC explicou que os principais factores que têm poteciadoos incêndios são “a disponibilidade dos combustíveis face à sua elevada secura, a grande quantidade de combustível acumulado nos solos e ainda a ocorrência de episódios com temperaturas muito elevadas e ventos moderados a fortes”.
Além da falta de ordenamento e da acumulação de combustíveis nos terrenos a percentagem de seca no território também não ajuda no combate aos incêndios.