1. Áreas metropolitanas. Nos tempos dos inefáveis Durão Barroso, Isaltino e Relvas o país apareceu coberto de “áreas metropolitanas”, para aí mais de três dezenas.
Dei conta dessa loucura desenfreada num artigo publicado no JL em Novembro de 1998 em que afirmava: Andam para aí a brincar às áreas metropolitanas (…). Que eu saiba, Portugal tem apenas duas áreas metropolitanas, porque só tem duas grandes metrópoles – Lisboa e Porto.
E acerca dos deputados do círculo de Leiria (maioria PSD) que se preparavam para institucionalizar a “Área Metropolitana de Leiria”, dediquei-lhes algumas palavras nada amáveis.
Mas o que lá vai lá vai. Há de facto duas áreas metropolitanas (AM) em Portugal: a AM Lisboa que abrange 18 concelhos, de Mafra a Setúbal /Palmela, com cerca de três milhões de habitantes; e a AM Porto, com 17 concelhos, desde Póvoa de Varzim a Oliveira de Azeméis, com cerca de 1,5 milhões de habitantes.
As duas AM em conjunto (35 concelhos) têm, pois, cerca de 45% da população nacional e seguramente bastante mais que esta percentagem na participação do PIB nacional. Por outro lado, manifestam enormes assimetrias e profundas desigualdades, a exigirem soluções conjuntas que beneficiem todo o espaço e não apenas este ou aquele concelho.
Esta chamada de atenção que faço, de novo, para esta realidade das AM deve-se ao facto de elas há dias terem saído, ao que creio, da sua longa hibernação. Com efeito, no passado dia 20 de Março, as duas áreas metropolitanas organizaram a sua primeira cimeira conjunta em Queluz, contando com o PR na abertura e o PM no encerramento.
[LER_MAIS] Em termos de diagnóstico observa-se que as duas AM, relativamente a congéneres na Europa (e fora dela), estão ainda na infância da arte com muitos problemas de natureza económica e social por resolver que exigem soluções conjuntas e harmoniosas em termos de infraestruturas, urbanismo, habitação, património, acessibilidades e transportes públicos, gestão de centros de saúde e de parques escolares, entre outros aspectos.
Em meu entender tudo isto não passará de música celestial enquanto não se criar uma autoridade administrativa (um pequeno executivo) para cada uma das áreas envolvidas, que chame a si, com total autonomia, estas tarefas.
Podem fazer-se muitas cimeiras que o ciclópico trabalho pela frente dificilmente avançará. Isso implica uma profunda alteração das estruturas municipais, que não podem continuar a fazer todas o mesmo, como tem acontecido até aqui. E esta é uma questão que, a meu ver, nem Nossa Senhora de Fátima vai conseguir solucionar tão depressa.
2. Pavilhão multiusos. O autor do pré-projecto do multiusos, em entrevista à RL, afirmava há dias que o Pavilhão não terá impacto negativo no local para onde o quer levar. Salvo melhor opinião, naquele local tudo tem impacto negativo, estádio, edifício Nerlei e até as piscinas municipais.
Como não é viável que se tire de lá o que já lá está, ao menos que se evitem ali “multiusos” e quejandos, enquanto é tempo. Haverá outros espaços dentro da área urbana e não longe do centro da cidade que seriam mais aconselháveis.
Eu sei de alguns e o arquitecto Cordeiro descobrirá certamente outros tantos. Multiusos sim. Mas ali não.
*Economista