O arquitecto José Charters Monteiro alertou, na última reunião de Câmara da Marinha Grande, para o perigo de uma possível instabilidade da primeira duna em São Pedro de Moel, onde estão construídos vários lotes habitacionais desde a década de 60. A advertência já tinha sido efectuada em 2012 pelo próprio.
Segundo explicou, já nessa altura eram visíveis “sinais de escorrimento de areias” na praceta que serve de estacionamento, junto à praia e onde está instalada uma escola de surf, que estariam a “descalçar a encosta da duna”.
“Quando foram construídos os lotes não existia a praceta onde está o estacionamento, que foi feito mais tarde, alterando o ângulo natural da duna, que ficou com uma inclinação maior”, constatou Charters Monteiro.
O arquitecto adiantou que ao construir o lote 106, foi realizado um “cálculo do peso de volume da areia retirado para a fundação do edifício e chegou-se à conclusão que o peso do edifício lá posto é inferior àquilo que foi retirado”.
“É uma duna com centenas de anos, fortemente consolidada, mas que foi muito ferida na sua base pela abertura posterior do estacionamento, apesar de ter sido feita uma fundação” através de uma “plissada em betão armado, em todo o perímetro na zona de escavação, para consolidar aquela parte”. Não obstante, os escorrimentos da duna são constantes.
O arquitecto advertiu também para a Rua do Pôr-do-Sol, onde fica o miradouro, que também apresentará o “mesmo problema de escorrimento da duna”.
O vereador João Brito explicou que este é um problema com mais de dez anos e que em 2014 houve um caderno de encargos e “um processo de requisição para estudo geológico e geotécnico, monitorização, diagnóstico e medidas preventivas relativas às susceptibilidades a movimentos de massas em vertentes no vale de São Pedro de Moel”, situação que não terá tido continuidade.
Em 2017, foi feita uma vistoria no âmbito da duna ao edifício da escola de surf e, em 2019, “foi encetado um procedimento para avaliação geológica e geotécnica a toda a encosta de São Pedro de Moel”.
“É nesta fase que existem diferentes pareceres. Já visitei o local e visualmente parece oferecer algum perigo, assim como na zona do miradouro que aparenta estar em risco de queda”, afirmou João Brito.
“As casas estão legais. O edificado pode estar com as estruturas adequadas para estarem ali”, acrescentou ao garantir que vai reunir-se com o arquitecto Charters Monteiro e com os técnicos da autarquia para que seja feita uma avaliação ao local.