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1 – Tirar férias em Agosto, só mesmo por obrigação.
E é o que me tem acontecido ao longo da minha vida de adulto. Os professores não têm outra hipótese.
Tenho saudades das férias do meu tempo de aluno. Pelo menos até por volta das 12 anos.
As aulas começavam em Outubro e era maravilhoso o Setembro: o sol mais brando, a natureza mais convidativa, até o mar do Pedrogão por vezes calmo como um dragão em repouso.
Na Primária, quando chegava o início de Outubro, as férias tinham sido tão longas e despreocupadas que já ansiava por entrar na escola.
Talvez o anseio de aprender coisas novas, com uma nova sacola, novos cadernos e livros, lápis e borracha, novinhos a estrear (os livros talvez não fossem novos, porque eram os mesmos das minhas duas irmãs mais velhas).
Lembro-me que em Outubro já tinhamos saudades do professor Estrela, que foi nosso professor os quatro anos da Primária na escola do Souto.
Mas o anseio era também pelo reatar das brincadeiras com os colegas, alguns dos quais perdíamos de vista por mais de um mês.
Em Outubro dava, finalmente, algum descanso à bicicleta. Passadas as vindimas, ansiávamos pelo Outono…
2 – Agora, entramos de férias esgotados e saímos delas cansados.
Mas acho que são as férias próprias dos adultos, porque as preocupações, na verdade, nunca nos dão tréguas.
E, depois, os telemóveis e a Internet dão cabo do nosso sossego!
Aqui, no sul de Espanha, repousamos, a querer pensar que está tudo bem no mundo. Mas, pelos vistos, não está.
Vários canais de televisão, que teimo em ver por cinco minutos, reflectem diariamente as preocupações com as mudanças climáticas – tarde de mais!
Inundações nalgumas partes do mundo, seca extrema para os nossos lados, incêndios e falta de água.
Os governos falam da necessidade de tomar medidas imediatas para conservar e racionar a água, mas imagino que essa preocupação se dissipará com as primeiras chuvas.
Para já, aqui no hotel, continuamos a tomar os nossos dois duches diários!
Depois, a crise energética, que a invasão da Ucrânia pela Rússia veio potenciar, numa guerra que não tem fim à vista.
Uma crise que não é para todos, porque nos informam que as grandes companhias distribuidoras de combustíveis e energia têm tido lucros fabulosos.
E, portanto, fico com esta certeza que me relaxa, que alguns administradores e recebedores dos dividendos, que nunca sabemos bem quem são, nas próximas férias terão um iate mais luxuoso!
Aqui, no sul de Espanha, refestelado na praia, regateei com o magrebino os 10 euros que pediu por uma toalha de algodão.
E ficámos perplexos quando no passeio das 10, no areal, nos deparámos com um corpo que deu à costa (uma notícia de um minuto no noticiário regional dava conta tratar-se provavelmente de uma mulher, afogada há cerca de cinco meses, de mais uma das barcaças vindas do norte de África, com imigrantes que tentam rumar ao sul de Espanha).
Foi um incómodo de algumas horas, até esquecermos com mais alguns banhos nas águas mornas.
3 – As férias em Setembro são sempre melhores.
