É difícil enumerar todas as modalidades praticadas no distrito de Leiria. A diversidade é tanta que, na hora de escolher uma actividade desportiva, a tarefa pode revelar-se árdua.
A importância de manter uma actividade física regular ajuda a ultrapassar esta dificuldade e o número de atletas federados no distrito aumenta a cada ano.
Que o diga Manuel Nunes, presidente da Associação de Futebol de Leria (AFL), instituição onde o número de jogadores cresce a olhos vistos. No final da época passada, foi mesmo batido um recorde. Mais de 12.500 pessoas jogavam futebol, futebol de praia e futsal no distrito de Leiria.
Esta temporada, que ainda está a arrancar e já se contabilizam 10 mil inscrições, um número superior aos cerca de nove mil registados no período homólogo do ano passado.
Manuel Nunes afirma que a necessidade sentida pelas famílias para manterem “os tempos livres dos seus filhos ocupados” é uma das grandes responsáveis pelo crescimento.
O número de atletas até poderia ser maior, se “fosse mais fácil a inscrição de estrangeiros”. Manuel Nunes denuncia o excesso de burocracia associada à inscrição de atletas de diferentes nacionalidades, justificada pelo combate ao tráfico de menores.
Com o aumento dos jogadores, cresce também a necessidade de melhorar e criar novas infraestruturas desportivas. Aí, apesar de algumas requalificações promovidas pelos clubes e municípios, o distrito ainda fica aquém do resto do país. Leiria é o distrito com maior saturação de campos de futebol e pavilhões gimnodesportivos e Manuel Nunes reconhece que são necessários “mais campos de futebol de relva sintética”.
ADAL quer 2.000 atletas
Habituado a conquistar medalhas e recordes, o atletismo de Leiria também está onde nunca esteve. A época terminou com 1.695 pessoas a competir no distrito, mais 135 que no ano anterior.
Para António Reis, presidente da ADAL (Associação Distrital de Atletismo de Leiria) o crescimento deve-se, em parte, à procura pelo trail, que também levou à criação de mais percursos pelo distrito.
O distrito está “bem servido” de instalações desportivas e António Reis reconhece o esforço dos clubes para “dar mais condições de treino”, também graças à “carolice” dos dirigentes e sócios.
No entanto, lamenta que muito do talento aqui formado siga para outros destinos. Com uma formação de excelência reconhecida a nível nacional, surgem todos os anos convites do Sporting ou Benfica para que os atletas da região troquem as cores da camisola.
É “sempre um orgulho vê-los noutros voos”, mas António Reis gostava de fixar mais jovens talentos no distrito e defende a criação de “bolsas dos municípios”.
Com o período de inscrições ainda aberto, o dirigente quer mesmo ver o número 2.000 no final da época.
O cenário no andebol não é diferente. Aumentam os atletas e as equipas. Esta época, e com o prazo de inscrições a encerrar a 31 de Julho, já se contabilizam 838 jogadores. A época 2023/2024 terminou com 1.547 atletas no andebol indoor, andebol de praia e andebol adaptado, integrados num total de 106 equipas.
A presidente da Associação de Andebol de Leiria, Patrícia Dinis, realça o aumento da densidade populacional em Leiria, que tem contribuído para esta evolução. “É de extrema importância ter actividades desportivas para [as crianças] não estarem coladas aos ecrãs”, defende.
No entanto, a dirigente aborda a “escassez de espaços desportivos”, que condiciona a actividade normal dos clubes. Notando o “enorme esforço” dos municípios em reabilitar e ampliar espaços para a prática desportiva, existe um “aumento tão grande na procura de espaços que continuam a não ser suficientes”.
Basquetebol duplica atletas
No caso do basquetebol, a realidade não podia ser mais animadora. Em quatro anos, a Associação de Basquetebol de Leiria (ABL) duplicou o número de jogadores. Quando assumiu a presidência desta instituição, Pedro Brilhante lembra que estavam inscritos cerca de 600 atletas. A última época terminou com perto de 1.200 praticantes, um número que deverá ser ultrapassado este ano.
Com novos clubes no distrito, o aumento do orçamento da associação (de cerca de 30 mil euros, há quatro anos, para 160 mil) também se reflete na “profissionalização crescente” dos atletas, em especial das selecções distritais dos vários escalões. “A qualidade vai subindo e a percepção da importância do desporto também. Alastra aos pais, à família e aos colegas”, assume o presidente da ABL.
Pedro Brilhante reitera que o desporto está todos os dias “a lutar contra a Netflix e as consolas”, numa batalha pela atenção das crianças e jovens, onde os maiores benefícios estão do lado do exercício físico. No basquetebol, a tendência é mesmo “haver uma superação constante ao longo do tempo”.