Atraso na obra do ascensor pode lesar Nazaré em mais de um milhão de euros

A intervenção que está a ser realizada pela Agência Portuguesa do Ambiente nas arribas do ascensor da Nazaré demorará mais tempo do que se previa. O município esperava que a APA, dona da obra, executasse os trabalhos entre 15 de Março e 16 de Junho, podendo, de seguida, reactivar o ascensor.

Contudo, a agência já comunicou à câmara que precisará de mais 99 dias, além dos 94 inicialmente previstos, para terminar os trabalhos, explicaram Walter Chicharro, presidente da autarquia, e Orlando Rodrigues, vereador da Protecção Civil, em reunião de câmara.

A solução, deliberou a autarquia, passa agora por propor à APA a reabertura do [LER_MAIS]ascensor, entre 1 de Julho e 30 de Setembro, “assegurando todas as condições de segurança ao equipamento”. Se a APA não aceder e o transporte continuar parado em época alta, o município estima somar um prejuízo “nunca inferior a 1,1 milhões de euros”, que irá imputar à agência, adiantou o presidente da autarquia.

O município recorda que, numa reunião com a APA, a 1 de Fevereiro, apresentou à agência duas propostas de calendarização da intervenção: ou iniciar de imediato os trabalhos, com términos a 15 de Abril ou início dos trabalhos a 1 de Outubro até ao final de 2023. Nessa altura, o empreiteiro terá reiterado que “dentro de três semanas encontrar-se-ia em condições de iniciar os trabalhos”.

Decorreram outras reuniões entre as partes e, a 2 de Março, “é transmitida a data de início de obra, pelo empreiteiro, para o dia 15 de Março e a conclusão dos trabalhos prevista para dia 16 de Junho”, sendo que “o encerramento do ascensor seria condição obrigatória, por questões de segurança”.

Segundo a autarquia, dia 30 de Maio, “a APA apresentou justificações para os atrasos na obra, como a indefinição de localização de estaleiros; eventual conflito com espaço comercial no miradouro do ascensor e uma maior complexidade dos trabalhos, já que o talude apresentaria condicionantes mais complexos do que inicialmente previsto”.

Já Orlando Rodrigues entende que os atrasos “só se devem à inadequação do projecto, em relação à efectiva situação do talude”.

Quebra nos negócios

Orlando Rodrigues explica ao JORNAL DE LEIRIA que, se o ascensor se mantiver fechado por mais 99 dias, além dos 94 inicialmente previstos, os serviços municipalizados somarão um prejuízo “nunca inferir a 1,1 milhões de euros”, entre perda de receitas e despesas associadas ao transporte rodoviário alternativo, para ligar Nazaré ao Sítio.

Além da mobilidade, a paragem do elevador prejudica os negócios, salienta.

Até ao fecho desta edição, a autarquia não tinha recebido feedback da agência.

APA aprecia a proposta

Contactada pela JORNAL E LEIRIA, a APA responde que “a comunicação da autarquia com proposta de período de paragem das obras para permitir o funcionamento do elevador foi agora recebida. Esta proposta será analisada, considerando as questões técnicas associadas à paragem de uma obra desta natureza, especialmente as condições de segurança, o prazo final para o seu desfecho face à conclusão no final do presente ano do POSEUR  e os custos associados”.

Contudo, “a APA tem conhecimento das preocupações da autarquia quanto ao período de paragem do elevador, que têm sido transmitidas no âmbito do acompanhamento da obra”, explica.

“Também neste âmbito a autarquia, que tem participado em todas as reuniões semanais de obra, tem acompanhado as questões que estiveram na base do prolongamento da intervenção, neste local, bem como todos os esforços desenvolvidos pela APA para a sua mais célere resolução, garantindo o cumprimento dos preceitos legais aplicáveis e as condições de segurança de pessoas e bens”, prossegue.

A obra em causa, recorda a APA, “tem como objectivo assegurar condições de estabilidade da vertente sobre o elevador, garantindo a segurança dos utilizadores daquela infra-estrutura, revelando-se essencial para a sua utilização em condições de segurança. Aliás, foi com este propósito que, em 2016, estando apenas prevista intervenção do Zona do Sítio da Nazaré, a autarquia, solicitou à APA que a parte superior do ascensor também fosse alvo de intervenção, o que veio a acontecer com o presente projecto”.