O esforço financeiro continua a aumentar para quem tem crédito à habitação e, segundo os cálculos do Expresso, baseado nos dados do Instituto Nacional de Estatística, a prestação média voltou a subir em Julho.
Nesse mês, a média avançada pelo INE foi de 370 euros, mais 9 euros do que em Junho. Feitas as contas, em média, em Julho deste ano, quem tinha crédito à habitação estava a pagar mais 40,2% face a Julho de 2022.
Perante a dificuldade que muitas famílias estão a ter para cumprir as suas responsabilidades, algumas empresas dedicadas à transferência e à consolidação de crédito estão a registar um aumento considerável de procura.
Nuno Quadros é director da Valorfin, marca própria, e também de uma loja franchisada da Maxfinance Valor. E refere que, entre os balcões de Leiria e da Marinha Grande, a equipa conta já com dez colaboradores, sendo que, desde 2017, a actividade tem vindo sempre a crescer.
“Não tenham[LER_MAIS] receio de falar connosco, temos uma equipa que está cá para ajudar e o nosso serviço é gratuito”, realça Nuno Quadros. Quando os clientes acumulam diferentes créditos, a Valorfin ajuda- os a chegar a uma situação mais equilibrada, ao consolidá-los, juntá-los, o que permite baixar o valor da prestação mensal.
E quando existe apenas um crédito, por exemplo, o da habitação, a empresa também ajuda a procurar, entre os vários bancos, aquele que apresenta as melhores condições e trata da transferência para outra instituição bancária, explica o director.
“Como intermediários de crédito, existem diferentes vínculos que podemos ter com o Banco de Portugal. A Valorfin optou por não onerar os clientes e prefere fazer um serviço gratuito. O intuito é chegarmos a bom porto, o cliente e nós. Até porque, se não formos bem-sucedidos, não temos qualquer tipo de retorno financeiro. Porque é a nova instituição bancária, para onde é transferido o crédito, que paga ao intermediário uma comissão”, contextualiza Nuno Quadros. O Banco de Portugal supervisiona toda a actividade, tranquiliza o director.
E são várias as vantagens de consultar uma equipa profissional, nota o responsável. Os intermediários têm mais tempo e conhecimento para procurar, comparar e negociar condições entre vários bancos do que o cliente que consulte vários bancos individualmente, prossegue o director. E desconstrói o preconceito de que só recorre a estes serviços quem já está numa situação muito complicada.
O melhor será até fazê-lo com regularidade, para saber que melhores condições vai apresentando o mercado e até antes de contrair um novo crédito.
Luís Carajoinas é director de duas lojas DS Intermediários de Crédito em Leiria, outra na Marinha Grande e ainda uma outra em Alcobaça. Também ele realça que o serviço de aconselhamento é gratuito e que tem havido um aumento da procura, porque os clientes têm mais consciência de que podem ser ajudados por esta via.
Têm recorrido a estas lojas não apenas pessoas que já se encontram em dificuldades, mas também algumas, de classe média, que resolvem agir antecipadamente para evitar futuras situações complicadas, explica o responsável. E são várias as formas de reduzir as despesas mensais com créditos. Basta analisar quais os produtos associados aos créditos à habitação que sejam supérfluos, que podem passar por alguns tipos de seguros ou até por instalação de alarmes, exemplifica Luís Carajoinas.
A sua equipa pode ainda trabalhar no sentido de retirar a figura do fiador, para que também ele mais facilmente reúna condições para, no futuro, contrair um crédito. “Trabalhamos com 11 instituições bancárias diferentes, o que nos permite ter maior poder de negociação”, prossegue Luís Carajoinas, que recomenda a toda a gente rever anualmente as suas condições de crédito, contactando empresas com conselheiros especializados.
Olinda Mangas, responsável pela Soluções Úteis, em Leiria, reconhece que tem existido uma procura maior pelos serviços da sua empresa no que toca à negociação de créditos existentes para baixar os encargos.
Aos mais reticentes, a gestora explica que “consolidar créditos é dar ferramentas aos clientes para reorganizarem a sua vida financeira de forma a chegarem ao final do mês com maior liberdade financeira”.
Mediante a situação de cada cliente, pode verificar-se uma redução de encargos/ poupança na ordem dos 60% mensais, nota Olinda Mangas.
“E a reorganização dos créditos tem de ser muito bem elaborada e deve ser feita atempadamente”, adverte a gestora, uma vez que qualquer negociação protelada, que origine registo de incumprimento no Banco de Portugal, pode ser desvantajosa para concessão de crédito.