Se tem prazer em ler, mas dispensa passar roupa a ferro, se adora jardinagem, mas se enfada sempre que é preciso lavar o carro, talvez possa ter no Banco de Tempo um aliado. No Banco de Tempo, que abriu recentemente uma agência na Marinha Grande, o objectivo é trocar uma parte do nosso tempo – durante o qual desempenhamos uma tarefa do nosso agrado-, pelo tempo de outra pessoa, que por sua vez se disponibiliza, de bom grado, a fazer algo por nós.
Sofia Teixeira, coordenadora do Banco de Tempo da Marinha Grande, refere que em causa está um grupo de pessoas, que trocam serviços entre si, sem envolver dinheiro e onde nenhuma actividade vale mais do que outra. Uma hora de uma pessoa vale exactamente a hora de outra, independentemente das tarefas em causa.
“Poderá haver quem tenha gosto por animais e se disponha a fazer passeios com animais de estimação, outras pessoas gostam de cozinhar, outras sabem animar festas de aniversário”, exemplifica. “Um dos nossos membros é italiano [LER_MAIS]e está disponível para ensinar a sua língua”, prossegue a coordenadora.
E é possível prestar serviço a uma pessoa e receber serviço de outra, desde que haja equidade entre o tempo que se dá e se ganha.
Os primeiros Bancos de Tempo foram criados nos Estados Unidos e em Itália, nos anos 80 e 90, países onde já existem de forma sistematizada. Em Portugal, a primeira agência de Banco de Tempo surgiu em 2002, em Abrantes.
Na Marinha Grande, o conceito está a ser desenvolvido através da Associação Casa d’Árvore, que tem entre os seus valores, a educação na natureza, a promoção da sustentabilidade e da proximidade entre os membros da comunidade.
Desde Maio de 2024, a associação tem vindo a trabalhar numa bolsa de voluntários, com referência às suas competências, gostos e disponibilidade. São já 15 os membros desta agência, que se prepara agora para avançar com as interacções.
As trocas assentam na boa vontade e na lógica das relações de “boa vizinhança”, estimulam valores como “confiança e compromisso”, pelo que, para as realizar, não são exigidas aos membros certificados ou habilitações profissionais, acrescenta Sofia Teixeira. O objectivo é também realizar parcerias com associações, escolas, lares de idosos, entre outras entidades regionais, refere ainda a coordenadora.