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Primeira Bienal de Cinema de Leiria, no m|i|mo – museu da imagem em movimento, com actividades em oito dias diferentes, entre 27 de Outubro e 5 de Novembro, em que participam realizadores como João Gonzalez (Ice Merchants, primeiro filme português nomeado aos Óscares), Gonçalo Almeida, Luísa Sequeira e David Bonneville (O Último Banho, melhor filme português de 2022, eleito pela Academia Portuguesa de Cinema).
O arranque, esta sexta-feira, às 21 horas, acontece com a exibição da longa-metragem de terror Faz-me Companhia, de Gonçalo Almeida, seguida de conversa com o realizador.
Terça-feira, 31 de Outubro, Dia das Bruxas (Halloween) e véspera de romaria aos cemitérios, há “Noite de Terror no Museu”, numa parceria com o festival MOTELX que convoca zombies e outras presenças sobrenaturais e prevê seis curtas-metragens, de Portugal, França, Canadá e Estados Unidos.
Pelo meio, Gonçalo Almeida orienta um curso intensivo sobre curta-metragem de terror, em que os participantes vão, em 48 horas, criar um lme que será exibido já no próximo domingo.
“O cinema fantástico permite expressar imagens que não são visíveis a não ser no cinema” e autoriza “a dissolução entre o sonho e a realidade”, o que abre “possibilidades infinitas”, comenta o realizador. Proporciona “uma experiência mais visceral”, quase “como ir a um parque de diversões”. E “cada vez é mais respeitado”.
Em Leiria, Gonçalo Almeida pretende mostrar “como é a rodagem de um filme” e levar os destinatários a “passar pelo processo todo desde a concepção da ideia”, o que inclui aprender sobre “a manipulação do tempo e da tensão”.
Ainda no primeiro fim-de-semana, a Bienal de Cinema de Leiria oferece, no sábado, a oportunidade para ver O Que Podem As Palavras, filme de Luísa Sequeira (que vai dialogar com o público no final da sessão) e Luísa Marinho, um retrato íntimo, na primeira pessoa, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, as Três Marias, e de como a publicação do livro Novas Cartas Portuguesas, em 1972, as sujeitou a interrogatório pela polícia política e julgamento por atentado à moral.
Antes, durante a tarde, é inaugurada, com percurso guiado, a Exposição de Cartazes de Cinema – 30, ao todo, provenientes do acervo do Teatro José Lúcio da Silva.
No domingo, serão apresentadas, pela primeira vez, as obras seleccionadas na segunda edição do Mimo Video Art: Nieboscian, de Jagoda Turlik (Polónia); The Summer In Between, de Sophie Ackerman (Estados Unidos da América); e La Bride, de Nicolas Piret (Bélgica).
Nos últimos dois anos, a associação Leiria Film Fest tem dirigido um programa de curadoria no m|i|mo que está na origem do Mimo Video Art e de vários ciclos de cinema, entre outras iniciativas. Agora, organiza a Bienal de Cinema de Leiria, que, conforme explicou Cátia Biscaia ao JORNAL DE LEIRIA, numa entrevista publicada há um mês, pretende ser “uma grande homenagem” e “uma festa”, com foco na longa-metragem e na produção made in Portugal. Inclui curtas, debates e uma componente de formação e tem o objectivo de reunir em Leiria “os grandes nomes do cinema português da actualidade”.
“A grande vitória, para nós, organização, é o facto de termos conseguido fazer esta programação tão diferenciada, e, que, se olharmos para o passado da cidade, é uma programação que não me recordo de todo de ter visto ser oferecida”, comenta Bruno Carnide, da associação Leiria Film Fest, que realça “a qualidade indiscutível” da primeira edição da Bienal de Cinema de Leiria.
A par dos momentos com realizadores, que, “para além de virem apresentar o seu trabalho, de virem falar com o público e partilhar as suas ideias sobre o seu cinema, vão fazê-lo de uma forma muito mais altruísta, oferecendo, também, formação”, Bruno Carnide destaca a gravação de um episódio do Cinemax, da RTP, no m|i|mo, na semana passada, que será visto, em ante-estreia, na próxima quinta-feira, 2 de Novembro. “Será talvez a primeira vez que há um programa de televisão inteiro dedicado ao museu”.
Nos dias finais, a Bienal de Cinema de Leiria contempla, entre outras actividades, uma retrospectiva dedicada a João Gonzalez; a exibição de O Último Banho, de David Bonneville, que vai dirigir duas masterclasses; uma sessão Porto Femme e um concerto especial de Surma, com a artista de Leiria a inspirar-se no mote “Música para Cinema”.
