O Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRSP), do Politécnico de Leiria, bem como as empresas LCR (Leiria) e a Dreamplas (Marinha Grande), fazem parte do mega projecto BioShoes4All, liderado pela Associação Portuguesa do Calçado, Componentes, Marroquinaria e seus Implementos (APICCAPS), que pretende promover a transição da indústria do calçado para a bioeconomia e economia circular sustentável, através da incorporação de biomateriais, do desenvolvimento de artigos mais duráveis e recicláveis.
Na nossa região, investigadores e empresas já trilham [LER_MAIS]caminho.
Em nota de imprensa, a APICCAPS informa que o projecto, iniciado em Janeiro, irá decorrer até Janeiro de 2026, envolvendo um consórcio de 69 parceiros. Tem um custo total elegível de 80 milhões de euros e conta com financiamento através do Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal.
BioShoes4All assenta em vários pilares. O primeiro propõe o desenvolvimento de novos biocouros, biomateriais, biocompósitos, componentes e processos através da incorporação de materiais de base biológica, incluindo biomassa e subprodutos agroindustriais, redução do uso de materiais de origem fóssil, um aumento na eficiência do uso de recursos e a eliminação de substâncias críticas.
O segundo pilar prevê o desenvolvimento de estudos de ecodesign, de novos conceitos de calçado e marroquinaria ecológicos com menor pegada ambiental, duráveis, reparáveis, recicláveis, diferenciados, personalizáveis com elevado valor acrescentado.
Já o terceiro pilar visa desenvolver soluções para regenerar as principais tipologias de resíduos produtivos do cluster e iniciar a valorização dos produtos pós-consumo. Ao mesmo tempo, pretende-se obter tecnologia inovadora, automatização e introdução de ecoprocessos.
Captar clientes de uma nova fileira
Cyril dos Santos é sócio-gerente da Dreamplas (que se dedica à concepção, produção e comercialização de produtos plásticos), que já tem trabalhado com materiais reciclados, mas não na fileira do calçado. À luz deste projecto, a unidade já adquiriu novo equipamento e pretende passar a utilizar material reciclado, derivado do calçado, para incorporar na produção de novos produtos também para calçado, sejam solas ou outros componentes.
O recurso a biomateriais é outra vertente em estudo, refere o sócio.
Em entrevista ao nosso jornal, Artur Mateus, director do CDRSP, explicou, recentemente, que outra empresa com a qual tem trabalhado é a LCR, “que produz cerca de 3 mil toneladas por ano de PVC, sobretudo para a indústria do calçado”. O desafio da LCR, informava, é fazer uma unidade industrial nova, parte dela dedicada à reciclagem, contando que uma fatia dos materiais contidos no PVC sejam de origem bio.
No âmbito do BioShoes4All, o CDRSP também tem “um projecto para a produção de calçado especial, para utilização médica, para obesos, diabéticos, atletas de competição e outras pessoas que precisem de sapatos especiais”, salientava o director.