Na base desta decisão, aprovada na segunda-feira, está a “oposição evidente e incontornável dos cidadãos nazarenos” ao projecto.
“Não pode este executivo camarário ignorar a vontade real da população nem deixar de a ter presente na avaliação que realiza, a cada momento, do interesse público local/autárquico, em especial quando aquela vontade se manifesta de forma tão clara e perceptível”, pode ler-se na deliberação, que aprova a revogação do concurso que levaria à concretização da obra.
Em declarações ao JORNAL DE LEIRIA, Walter Chicharro, presidente da Câmara, alega que, apesar de considerar “a ideia interessante, sem pesar a localização e os impactos”, o Município “não podia ficar indiferente aos apelos de muitos cidadãos anónimos, gente desta terra, que apresentaram as suas convicções e ponderações”.
Na deliberação, é referido que “o interesse real da população revelou-se contrário à [LER_MAIS] concretização do projecto” da zipline, ainda para mais depois de se saber que “a torre de chegada da proposta implica a destruição, pelo menos parcial, de um parque infantil”.
“Não pode a Câmara Municipal da Nazaré, de modo algum, deixar de considerar esta realidade, a qual surgiu apenas após ter sido lançado o concurso público em causa”, acrescenta aquele texto.
Movimento aplaude decisão
Criado em reacção ao anúncio da Câmara de avançar com a zipline, o Movimento Cívico pela Defesa do Promontório da Nazaré aplaude a posição do executivo de desistir do projecto, considerando que o Município “atalhou a tempo uma decisão”, que “promoveria uma criminosa afronta ao património natural e ambiental mais simbólico da Nazaré”.
“Hoje podemos dormir mais descansados, pois sabemos que a imagem da Nazaré não será alterada”, pode ler-se num comunicado emitido pelo movimento, que expressa a convicção de que na decisão da Autarquia “pesou, forçosamente, a força e consequência da luta” da organização e de “todas as pessoas que a sentiram como sua”.
1.100 metros
era a distância do percurso prevista no projecto Zipline Nazaré, de acordo com a proposta apresentada pela Geração Give – Inovação Valor e Estratégia, a única empresa que se candidatou ao concurso público aberto pela Câmara. Estava também previsto um miradouro a 110 metros de altura numa plataforma de 100 metros quadrados
Também a CDU reagiu, em comunicado, à deliberação da Câmara. “Felizmente que, num raro rasgo de racionalidade, o Executivo tomou a decisão de andar para trás com esse disparate sem tamanho que promoveu e que esteve na iminência de acontecer”, refere aquela nota de imprensa emitida pelo Grupo de Trabalho da CDU da Nazaré.
Nesse comunicado, a estrutura comunista sublinha ainda os “enormes custos para o erário público” que o desenrolar do processo acarretou, “desde logo com os 25 mil euros para a elaboração do pro- grama do concurso e caderno de encargos adjudicado a um escritório de advogados e mais 200 euros para pagamento de um parecer”.
“Faltará agora saber os custos a pagar pelo encerramento deste inquinado processo que nunca deveria ter começado”, acrescentam a CDU, que considera que este “triste episódio” representa “uma colossal derrota política do Executivo liderado por Walter Chicharro e uma enorme vitória de todos os que lutaram contra a instalação da zipline no promontório da Nazaré.