Está desfeito o mistério. O imóvel que a Câmara de Leiria estava a negociar para instalar a Assembleia Municipal (AM) é o edifício que a Caixa Agrícola tem na Nova Leiria e que o município irá comprar por 1,6 milhões de euros.
A aquisição foi aprovada esta terça-feira, em reunião de executivo, onde os vereadores da oposição manifestaram várias reservas ao negócio, abstendo- se na votação.
“É um investimento muito duvidoso”, disse Fernando Costa, frisando que, além do valor da compra, serão necessárias obras de adaptação, que a Câmara já admitiu poderem chegar aos 500 mil euros.
“Dois milhões de euros para instalar a Assembleia Municipal… Acho um exagero", defendeu o vereador do PSD, para quem a autarquia tem, dentro do seu património, soluções para albergar aqueles serviços. A título de exemplo, referiu o edifício nascente do mercado municipal para o qual o projecto de remodelação não define qualquer utilização, e o estádio."Por que haveremos de comprar mais um edifício quando temos tantos para tratar e ocupar?", questionou.
Em resposta, o presidente da Câmara explicou que o bloco nascente do mercado, depois de recuperado, "ficará autónomo" e poderá ser "valorizado". Para Raul Castro, a aquisição do edifício da Caixa Agrícola permitirá instalar a AM "com dignidade", num modelo "equiparado" ao Parlamento, com a disposição das bancadas "em anel" e sistema de votação electrónica.
[LER_MAIS] O edifício será também usado para "concentrar" o arquivo municipal, que se encontra "disperso por vários locais, sem as devidas condições físicas e técnicas para preservar um acervo de documentação, em grande parte, com elevado valor histórico".
"Daremos a devida utilidade ao edifício", assegura Raul Castro, adiantando que o imóvel irá também servir para acolher alguns serviços da Câmara enquanto decorrer a requalificação da parte mais antiga dos Paços do Concelho.
Em resposta a questões colocadas pela oposição, o presidente da Câmara assegurou que a iniciativa de negociar o edifício partiu do Município e explicou que, numa fase inicial, o imóvel não foi identificado, porque a Caixa Agrícola tinha uma outra proposta, com um valor de 1,8 milhões de euros, apresentada "há dois anos" pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.
"Nunca mais disseram nada, mas era preciso garantir que a Caixa se tinha desvinculado desse compromisso", justificou Raul Castro, que, em declarações ao JORNAL DE LEIRIA adiantou que o edifício será comprado quase na totalidade pela autarquia, com excepção de uma pequena área, onde continuará a funcionar "uma agência bancária e arquivo da instituição".
Essa é, aliás, a justificação para a diferença entre o valor avançado em Fevereiro deste ano – 500 mil euros – e a verba agora acordada – 1,6 milhões. "A hipótese inicial era de uma compra parcial, mas entendemos que é uma boa oportunidade para o município aumentar o seu património", alega.