A Câmara de Leiria recomenda a adaptação do canal da Linha do Oeste para via exclusiva de modos suaves, que pode passar pela criação do metro de superfície ou de um metrobus, idêntico ao previsto para Coimbra. Esta é uma das sugestões do parecer provisório divulgado na terça-feira pela autarquia, que sugere ainda a integração de uma ciclopista na avenida da antiga estação, a criação de modos suaves na Estrada Nacional (EN) 242 ou a construção de uma ligação curta entre a estação da Linha de Alta Velocidade (LAV), se for instalada na Barosa, e a estação actual.
Apesar de conferir parecer favorável condicionado ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que se encontra em consulta pública até ao dia 21 no portal participa.pt, a autarquia critica a falta de acessos propostos e considera “essencial para o sucesso” da estação da Barosa “investimentos complementares aos previstos pela Infraestruturas de Portugal, alguns a integrar na construção da LAV”.
O presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, defendeu, na sessão de esclarecimento de sexta-feira, com a presença dos responsáveis da Infraestruturas de Portugal e da Agência Portuguesa do Ambiente, vários acessos como a reformulação dos nós de ligação de Belo Horizonte, o nó sobre a A19 de ligação ao futuro Terminal Intermodal de Leiria, a construção de uma via entre a estação da Barosa e a Rotunda do Falcão, na EN109 ou a isenção de portagens na A8, A17, IC36.
No parecer, o município refere que a construção da estação da LAV na Barosa obriga à “criação e optimização de acessibilidades e rede de transporte público colectivo de passageiros e rede de infraestruturas dedicadas aos modos suaves”.
O EIA “vocaciona-se muito para a infraestrutura LAV e reflecte pouco sobre os efeitos da localização da estação LAV no território da região de Leiria, nomeadamente os efeitos económicos e sociais do seu potencial transformador”. “As autoridades responsáveis terão de articular um conjunto de me didas integradas, de modo a garantir que a circulação entre a estação LAV e a cidade se torne segura, eficiente e sustentável”, refere ainda o parecer de 53 páginas da autarquia.
Na reunião de executivo, na terça-feira, em Regueira de Pontes, Gonçalo Lopes admitiu que esta freguesia é a zona que “fica mais prejudicada”.
Estação a norte inviável
Em resposta a um munícipe sobre a razão de não se optar por uma estação a norte do concelho, o vereador Luís Lopes explicou que a IP considera que outros traçados não eram viáveis, porque “tecnicamente os ângulos de curvatura não são possíveis a alta velocidade”.
Reconhecendo a solução B, com a variante de Regueira de Pontes, como a que menor impacto causa, Luís Lopes confessou que “não há impacto zero na alta velocidade”, garantindo que o município está a trabalhar ao mínimo detalhe e até ao último minuto no parecer que será enviado no âmbito da consulta pública que, na terça-feira, somava 431 participações.
O presidente da Junta de Regueira de Pontes, Vítor Matos, acrescentou que a freguesia irá sofrer vários impactos negativos, como ruído, vibrações, desvalorização de terrenos e de edificações, e impactos na paisagem. “Vou ter o comboio a passar à mesinha de cabeceira”, desabafou um cidadão.
Carlos Fernandes, vice-presidente da IP, garantiu, na sessão pública de sexta-feira, que serão construídas “dezenas de passagens” ao longo dos cerca de 120 quilómetros do troço Soure-Carregado da Linha de Alta Velocidade, garantindo que a população poderá ter acesso directo a cada um dos lados da linha férrea,
através de passagens inferiores ou superiores.
Vários munícipes de diferentes concelhos da região que serão afectados pelo atravessamento da LAV alertaram para os impactos que a obra terá nas suas vidas e para a demolição de algumas habitações onde várias pessoas viveram toda uma vida. O vice-presidente da IP admitiu que é impossível não existir impacto, mas objectivo da consulta pública será “optimizar a solução final”, garantindo que “o menor número de habitações seja afectada”.
O troço Soure – Carregado, que contempla uma estação em Leiria, atravessa os concelhos de Rio Maior, Azambuja, Alenquer, Cadaval, Caldas da Rainha, Alcobaça, Porto de Mós, Leiria, Marinha Grande e Pombal.