Caminho do Tejo, Caminho do Norte, Caminho da Nazaré e Rota Carmelita são algumas das apostas da Aciso – Associação Empresarial Ourém-Fátima e do Turismo Centro de Portugal (TCP) para potenciar o turismo religioso e combater a sazonalidade no sector.
Este foi o tema central abordado num encontro que decorreu em Fátima entre a Comissão Executiva da Turismo Centro de Portugal com o reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas, e com a direcção da Aciso, liderada por Purificação Reis, onde foi apresentada a 11.ª edição dos “Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT),” que decorrerá em Fevereiro, em Fátima e Guarda.
[LER_MAIS]Segundo o TCP, a aposta no turismo religioso, para aumentar fluxos de turistas e experiências durante todo o ano, assentará em iniciativas como os Caminhos da Fé: Caminhos de Fátima, Herança Judaica e Caminhos de Santiago.
Tal permitirá explorar aquele que é o quinto pilar estratégico do Plano Regional de Desenvolvimento Turismo 2020-2030 e do Plano de Marketing de 2020 – 2030, do TCP, além do património, natureza, mar e gastronomia e vinhos.
“A BTL, em Lisboa, será um dos pontos de grande divulgação dos Caminhos da Fé. Também os temos levado a feiras na Galiza e noutros pontos de Espanha”, anuncia Artur Jorge Almeida, do TCP.
Os caminhos certificados e os seus tracks estão disponíveis no site do Turismo do Centro, na secção Paths of Faith.
As rotas de peregrinação como os três Caminhos de Santiago que atravessam a região Centro – apenas o Caminho Central se cruza com os Caminhos de Fátima – atraem um público bastante diferente do peregrino tradicional, que percorre 50 quilómetros por dia em alcatrão e cujo principal fito é chegar rapidamente a Fátima.
“Já o peregrino de Santiago e dos Caminhos de Fátima demora-se mais no território, usufrui do caminho, do património e da gastronomia. Caminha 20 a 25 quilómetros, geralmente de manhã, e reserva o resto do dia para repousar ou conhecer o local onde está”, adianta Artur Jorge Almeida.
A ganhar ficam a restauração, o pequeno comércio local e a hotelaria, uma vez que, na região, há poucos albergues de peregrinos.
Cafés, mercearias e padarias beneficiam também deste fluxo diário, que percorre a região durante todo o ano e não apenas em Maio, Agosto e Outubro.
“Verificam-se números elevados de peregrinos no Caminho Central Português de Santiago”, reconhece Almeida.
Paralelamente, o TCP, o Turismo de Portugal, o Centro Nacional de Cultura, detentor da marca Caminhos de Fátima, autarquias e CIM, estão a trabalhar para instalar a sinalética nos caminhos onde há concordância dos trajectos para o santuário mariano e para a Galiza.
Para Purificação Reis, presidente da Aciso, os Caminhos de Fátima necessitam de maior intervenção.
Os trajectos e sua sinalética precisam de mais atenção e há falta de trabalho na oferta de hotelaria e restauração.
“Sabemos que os peregrinos tradicionais, por várias razões, evitam os Caminhos de Fátima, que são mais seguros. A Associação Caminhos de Fátima tem tentado desviar o público dos troços mais complexos, mas é um trabalho demorado de aquisição de novos hábitos”, diz, sublinhando que tal demonstra que há espaço para crescer e para novos projectos, “na lógica da oferta e da procura, à medida que aumenta o número de novos peregrinos”.
A Aciso, que organiza os IWRT, anunciou que, além do Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável e dos Workshops, vai ter lugar também uma conferência subordinada ao tema “Abrindo novos caminhos”.
Prevista para o dia 22, durante a manhã, “reunirá especialistas e líderes visionários na área do turismo religioso”, sendo convidado “um grupo de especialistas em turismo religioso, académicos, profissionais da indústria e líderes espirituais para debater as oportunidades e desafios que se colocam ao turismo religioso”.
Ainda antes do evento, quem não tem dúvidas de que as peregrinações, mesmo as que não se fazem a pé, já evoluíram é o CEO do Fátima Hotels Group.
“Um terço dos grupos que visitam Fátima segue para Santiago de Compostela. A visita ao nosso País começa em Lisboa, passando pela Torre de Belém e Jerónimos, Sintra e Fátima, reservando alguns dias para conhecer os mosteiros de Alcobaça, da Batalha, o de Cristo e a Nazaré. Depois rumam para a Universidade de Coimbra, visitam o Porto e as suas caves e seguem para Santiago de Compostela”, descreve Alexandre Marto Pereira.