Vivi com ele 5 anos de ditadura.
Quando o conheci encontrava-me muito fragilizada: tinha casado muito nova, e não tinha resultado. A vida tinha-me deixado de coração partido e vulnerável a uma série de acontecimentos que me foram fragilizando ainda mais.
E esse senhor soube reconhecer essas fragilidades, reconhecer e usar essas fragilidades em seu próprio proveito. Em 2014 iniciei a minha cruzada contra a violência doméstica, 9 anos depois.
Escrevi um livro de contos sobre a Violência Doméstica, fiz uma edição de autor e de repente estava a ser convidada por todos os canais de tv para falar sobre a violência doméstica.
Não era minha intenção, mas percebi que me tinha envolvido de forma a encabeçar uma luta sem tréguas e que precisava de todas as minhas forças e de todo o meu empenho.
O livro tornou-se uma boa desculpa para o debate deste tema.
Fui a colóquios, a bibliotecas e, principalmente, o mais gratificante, fui convidada por escolas para expor a nu o tema.
Objetivo N.º 1: recrutar o maior número de pessoas para entrar nesta luta, informando-as, sensibilizando-as e atribuindo a cada um, um papel muito importante…
Neste momento tenho 50 anos. Depois destes episódios encontrei um relacionamento estável desde 2005, após me ter separado da outra pessoa. Entrei na Universidade em 2015 e licenciei-me em Ciências Sociais. Continuo a aventura académica e estou a fazer o Mestrado em Relações Interculturais.
Neste momento estou a trabalhar junto com o município do Barreiro, onde moro, para a criação do Grupo de Ajuda Mútua das Vítimas de Violência Doméstica.
Procuro respostas e soluções, é desta forma que supero dia a dia: procurando conhecer para compreender.
Estou sempre disposta a mostrar a cara (sempre) porque não fiz nada de errado para ter de me esconder.”
Texto escrito segundo o Acordo Ortográfico de 1990
