Esta é uma daquelas histórias que começam com “era uma vez”… Um menino que adorava futebol, corria sempre que via uma bola e aproveitava todos os momentos para jogar. Gostava tanto, mas tanto, que aos seis anos os pais o inscreveram na formação dos Marrazes, perto de casa, em Leiria.
A paixão aliou-se ao talento e três anos depois foi chamado para o Benfica. A logística não era fácil: um treino durante a semana na capital à boleia do pai, dois por cá, um jogo ao fim-de-semana lá e muito afinco na escola porque o clube exigia boas notas. “Foi uma maravilha, estava a viver o sonho e ainda por cima no meu clube”, recorda Vasco Rafael sobre a “experiência enriquecedora, com uma exigência pessoal e desportiva muito elevada e ao lado dos melhores treinadores e jogadores do País”.
Quatro épocas depois regressou aos clubes da terra, deu uma ‘perninha’ no futsal onde se divertia com os amigos e acabou a formação do futebol no Grupo Desportivo Amigos dos Pousos (GRAP).
A aventura seguiu no “desporto rei” pelo Fátima, o Ginásio Clube de Alcobaça, e novamente o GRAP. “Depois comecei a trabalhar e deixei de ambicionar ser jogador de futebol”, confidencia quem ao longo das últimas quatro décadas se fixou no ataque do Alqueidão da Serra por ser “um clube da terra, com boas pessoas, todas as condições e objectivos porreiros”.
Pode já não ambicionar ser profissional mas, aos 26 anos, é pelo segundo ano consecutivo o melhor marcador do campeonato distrital da Honra. “Numa equipa o mérito nunca é só nosso, há sempre alguém que trabalha para nós, um grupo de trabalho e colegas de equipa bons que permitem conseguir estes resultados individuais”, explica o jogador que faz golos de todas as formas e feitios. “Quando as coisas correm bem até com o cu se marcam golos, e quando não correm bem não há forma de entrar”, acrescenta entre risos.
E para ele as coisas correm bem, talvez por ser adepto de que “à sorte e aptidão natural é preciso juntar-se trabalho para se ser o melhor”.
A isso acrescentou ainda um pouco de teimosia que o levou a render-se também ao futebol de praia, ao fim de três anos de tentativas. “Recebia convites, experimentava e não gostava porque no futebol praia a areia estorva, até bola estorva e é muito cansativo”, adianta o jovem que agora é presença habitual nas principais competições da modalidade com a camisola do GRAP. Já estiveram na Elite, debateram a Taça Europeia de Clubes e agora disputam o nacional.
Mas não se fica por aqui. Na agenda cheia de treinos e jogos, sim, todos os dias da semana, inclui ainda o padel. “A culpa é da pandemia”, atira imediatamente, sobre “a altura em que não se podia fazer nada, mas era possível jogar padel por ter distanciamento”.
Habituado a jogar com os pés, afirma que esta modalidade “é quase como um retiro, onde se conhece muita gente e é possível desligar do trabalho, do dia-a-dia e até do futebol”.
“Ali jogamos entre amigos, não temos contrato com uma equipa e não há nada a provar a ninguém por isso divertimo-nos muito”, explica.
Este ano estreou-se como federado também nesta modalidade e, no último fim-de-semana, sagrou-se campeão nacional.
“O objectivo é ser sempre melhor, quer em termos individuais quer em resultados colectivos”, afirma quem não consegue ter um dia sem desporto e encontra na competitividade um ponto de ligação entre as modalidades e combustível para evoluir enquanto atleta… e pessoa.
Conquistas com amigos
começou a praticar, o Manuel Rito, de 19 anos e da Batalha.
Na mesma competição, realizada no último fim-de–semana no Porto, arrecadou ainda o título de vice-campeão nacional em mistos M4 com a parceira Daniela Ferreira, jovem de 16 anos e também da Batalha que conheceu neste mundo do desporto.
A competição de padel rege-se da categoria M5 à M1, sendo que começaram por competir nos primeiros ‘escalões’ e vão subindo de patamar à medida que acumularem pontos em provas nacionais.