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O desafio inicial do projecto Multi Cool Coral era juntar vozes e canções de várias culturas representadas no concelho de Ourém num coro multicultural. Mas, apenas se apresentaram pessoas de nacionalidade portuguesa e angolana. Havia, então, que contornar a questão. A solução passou por pôr o coro a interpretar canções do mundo. O resultado será apresentado este domingo, num espectáculo a realizar no Teatro Municipal, a partir das 17 horas.
A palco subirão nove vozes, acompanhadas por elementos da banda da Sociedade Filarmónica Ouriense, que interpretarão canções originárias de vários pontos do globo. Margarida Mestre, coordenadora do projecto e do coro, adianta que serão apresentadas músicas de Marrocos, Malásia, Ucrânia, Angola, Punjab (estado indiano) e de Portugal, recolhidas junto dos participantes do coro e de alguns imigrantes residentes do concelho.
“Por várias razões, esses imigrantes não puderam integrar o coro, mas partilharam connosco canções ou expressões musicais das suas terras”, refere a responsável, que dá como exemplo uma cantiga de amor ucraniana recolhida junto duas mulheres naturais desse país que frequenta as aulas de Português – Língua Não Materna em Ourém. Foi também aí que recolheu uma canção originária de Marrocos, que será também interpretada pelo coro.
No reportório a apresentar este domingo estarão ainda representadas as culturas indiana, da Malásia, de Angola e de Portugal. Neste último caso, haverá três canções, uma alentejana, outra recolhida no centro de dia do Cercal (Ourém) e o Adeus Ourém, avança Margarida Mestre.
“As pessoas [imigrantes] não participaram no coro, mas queremos cantar para elas e esperamos que venham assistir ao espectáculo e que sinta a sua comunidade representada”, afirma a mentora do Multi Cool Coral, um projecto que já fez apresentações em Ferreira do Alentejo e em Viseu. Esteve ainda programado para a Marinha Grande, nas acabou por ser adiado para o próximo ano, por falta de participantes.
Margarida Mestre reconhece que este tipo de projectos tem de ter associado um trabalho “bem estruturado” de mediação social e cultural junto das comunidades imigrantes. “É um fenómeno recente, como também são recentes as respostas que os espaços culturais e as câmaras estão a desenvolver nesta área”, refere a coordenadora do Multi Cool Coral, que acredita que o projecto tem pernas para andar, mas que precisa de tempo para se consolidar. “Pode ser que esta experiência em Ourém ajude as pessoas a sentir confiança no projecto, que o coro é lugar pacífico, acolhedor e inclusivo.”
O formato idealizado por Margarida Mestre nasceu em 2022, no âmbito do programa “Bowing Back”, de Madalena Victorino, em Odemira. Já enquanto Multi Cool Coral estreou-se em 2023, integrado no Festival Giacometti, em Ferreira do Alentejo.
Em Ourém, a iniciativa começou com uma apresentação do projecto à comunidade, seguindo-se a fase de inscrições. As nove pessoas que aderiram ao coro passaram a última semana a ensaiar, “duas horas diárias de domingo a domingo”. “É muito intenso, que obriga a encontrar soluções muito rápidas. Já temos tudo muito alinhado e o resultado vai ser bonito”, promete Margarida Mestre.
A realizar na sala principal do Teatro Municipal de Ourém, o espectáculo é gratuito.
