Especialista em biologia celular e molecular, biofísica e microscopia de 'super' resolução, Carina Mónico, natural de Leiria, integra a Micron, uma plataforma especializada em microscopia e bioimagem da Universidade de Oxford (Inglaterra), que apoia “centenas” de estudantes e investigadores provenientes dos diferentes departamentos de biociências daquela instituição de ensino.
Carina Mónico estava a viver em Florença (Itália), onde fez o doutoramento no Laboratório Europeu de Espectroscopia Não-Linear (LENS), quando, há cinco anos, surgiu a oportunidade para se mudar para Oxford como investigadora de pós-doutoramento na área da Biofísica.
“Neste projecto desenvolvi novos métodos para estudar a interacção de toxinas bacterianas com o colesterol presente em membranas celulares de mamíferos. Estes processos moleculares estão envolvidos em várias patologias humanas, como pneumonia ou intoxicações alimentares”, conta a investigadora.
Acabaria depois por ser convidada para trabalhar na Micron, aproveitando os seus conhecimentos na área da microscopia. “Na Micron temos vários tipos de microscópios ópticos, ou seja, instrumentos que usam fontes de luz (por exemplo lasers) para observar processos biológicos numaescala 'micro' (1000 vezes inferior ao milímetro)”, explica a investigadora, que tem como missão dar “apoio técnico” na área da microscopia e bioimagem.
[LER_MAIS] Em termos práticos, Carina Mónico, de 35 anos, ajuda os investigadores “desde a preparação de amostras até à escolha da técnica mais adequada para cada projecto e a usar o microscópio correctamente”, apoiando-os também na análise de dados e de imagens.
Tem ainda a responsabilidade de fazer a manutenção regular dos instrumentos e dá aulas de microscopia básica e avançada. “É um trabalho multifacetado e entusiasmante, porque envolve lidar com muitos projectos científicos e pessoas diferentes.”
A residir há vários anos fora de Portugal – primeiro Florença e depois Oxford -, Carina Mónico não esconde o desejo de voltar a viver e trabalhar no País, que “tem imensa gente talentosa e vários institutos a fazer muito boa investigação”. O problema, diz, reside “nas condições de emprego” nesta área, que “são muito precárias”.
“A grande parte dos investigadores em Portugal são bolseiros, sem acesso a um contrato de trabalho com direitos, como subsídio de desemprego ou de férias, e não sabem se têm financiamento nos próximos dois, três anos”, lamenta a cientista, que, contudo, considera haver “alguma vontade sócioeconómica para melhorar a situação”.
Percurso entre Florença e Oxford
Natural de Leiria, onde nasceu há 35 anos, Carina Mónico começou por se formar em Biologia, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Seguiu-se o doutoramento pelo Laboratório Europeu de Espectroscopia Não- -Linear (LENS), em Florença, Itália.
Aí, trabalhou no desenvolvimento e optimização de um microscópio personalizado com pinças ópticas duplas. Em Florença, onde fez investigação num grupo multidisciplinar, diz ter aprendido “como biólogos, físicos, médicos e engenheiros podem trabalhar em conjunto para fazer investigação”, mesmo que, por exemplo, usem linguagens diferentes.
“A comunicação é um dos factores cruciais, porque o biólogo utiliza muitos nomes e acrónimos, enquanto um físico usa equações matemáticas”, refere, a título de exemplo. Há cinco anos, mudou-se para a Universidade de Oxford como investigadora de pós- -doutoramento na área da Biofísica.
Actualmente, trabalha na Micron, uma plataforma especializada em microscopia e bioimagem daquela instituição de ensino inglesa.