O empresário Carlos Mota, até aqui administrador da Adelino Duarte da Mota e de outras empresas controladas através da Mota Ceramic Solutions, com raízes nas Meirinhas, Pombal, foi destituído dos cargos que desempenhava, afastado dos negócios do Grupo Mota e impedido de entrar nas instalações.
Na origem da decisão, que também afecta Carolina Mota, filha de Carlos Mota, está a Oxy Capital, uma sociedade gestora de fundos de private equity (capital privado) com escritório em Lisboa e Milão, que entrou na Mota Ceramic Solutions em 2013 e detém 50% da holding.
Na versão da Oxy Capital, a destituição com efeitos imediatos de Carlos Mota e Carolina Mota tem como fundamento o conflito de interesses com sociedades concorrentes, que consubstanciam uma actuação contrária aos objectivos do Grupo Mota – actualmente com 370 trabalhadores – e configuram um incumprimento dos deveres fiduciários enquanto administradores e do contrato celebrado com a sociedade gestora de fundos de private equity. Apesar das tentativas do JORNAL DE LEIRIA, não foi possível ouvir Carlos Mota até ao fecho desta edição.
[LER_MAIS] Neste momento, os conselhos de administração das várias empresas estão a ser recompostos com novos nomes e o Grupo Mota é liderado no dia-a-dia por um conjunto de sete administradores – quatro são gestores dacasa, que estão há anos na organização, outros três actuam em representação da Oxy Capital.
O fundador, Adelino Duarte da Mota, de 87 anos, que já não tinha funções executivas, mantém-se nos órgãos sociais. A entrada da Oxy Capital no Grupo Mota, em 2013, aconteceu para responder a uma dívida acumulada superior a 150 milhões de euros, que a gestora de private equityadquiriu.
No sector da cerâmica, a Oxy Capital está também presente com investimentos na Ceramirupe e na Ceriart (ambas do concelho de Alcobaça), na Mesa Ceramics e na Aleluia Cerâmicas (estas duas do concelho de Aveiro), por acreditar que Portugal tem vantagens competitivas tanto no segmento mesa como nos pavimentos e revestimentos.
Negócios da família remontam aos anos 50
Carlos Mota (na foto), 59 anos, filho de Adelino Duarte da Mota, que fundou a empresa com o mesmo nome, com sede nas Meirinhas, Pombal, era actualmente o principal rosto do Grupo Mota, que actua sobretudo na indústria extractiva de matérias-primas e no fornecimento de pastas e serviços para a indústria cerâmica, com uma posição de mercado relevante em Portugal. A actividade remonta aos anos 50, quando Adelino Duarte da Mota se estabeleceu em nome individual, na exploração de argilas, seguindo a tradição familiar. Outras empresas controladas pela holding Mota Ceramic Solutions incluem a Mota Pastas, a Felmica, a Motamineral e a Mota II. Em 2015, a empresa mãe, Adelino Duarte da Mota, facturou 22,3 milhões de euros, com 154 mil euros de resultados líquidos positivos.