Como foi ver crescer uma “irmã” como a EST?
Cresci com a EST. Tinha seis anos quando foi fundada e faz parte das minhas memórias, desde muito cedo. Nas férias, vinha atender telefones, arquivar e varrer o chão. Cheguei a brincar numa secretária a fazer desenhos. Cresci num mundo empresarial e fui sempre acompanhando o crescimento da empresa. Este percurso é muito interessante, fascinante e motivo de muito orgulho. A título de curiosidade, encerrámos 2024 com uma facturação muito boa e um crescimento de 45%, relativamente a 2023. O volume de negócios do ano passado foi de 32 milhões de euros e o de 2023 tinha sido de 22 milhões.
Como foi a passagem desta empresa, que se dedica às áreas da electricidade industrial, automação e instrumentação, de um mercado regional, nacional e, agora, em vários continentes?
Foi natural. O Grupo EST foi sendo convidado por empresas nossas parceiras e clientes, para trabalhos noutros países e organizámo-nos, de forma a dar essa resposta, constituindo as devidas equipas, juntando os devidos recursos de forma controlada. Estabelecemos um bom relacionamento com os clientes e também com os nossos fornecedores, porque estamos a falar de obras grandes, onde existem várias empresas de várias especialidades e interagimos todos. Tem de haver aqui, portanto, um “estar profissional”, em simbiose, que nos permite ter boa reputação. Em Angola, a nossa entrada no mercado angolano foi feita de maneira diferente. Não fomos convidados por um cliente para fazermos uma obra, como aconteceu nas outras geografias. No ano de conclusão da minha licenciatura, tinha 23 anos, eu e o meu pai [Mário Rodrigues], fizemos um curso de internacionalização, e a EST foi identificada como case study e todos os indicadores da nossa empresa indicavam Angola como destino de negócios. Fomos sozinhos para lá, iniciámos tudo do zero e acompanho a ESTPOR, a nossa empresa lá, desde o seu nascimento.
É como se fosse uma filha?
Sim, é uma empresa especial, num mercado desafiante e a questão dos câmbios e da movimentação de divisas, limita-nos um pouco a presença e a expansão naquele mercado. Fazemos tudo com capitais próprios e a ESTPOR está a seguir o seu caminho. Temos equipas de trabalho angolanas e clientes e fazemos trabalho de grande peso e expressão nas áreas da manutenção eléctrica e das assistências técnicas. Além da vertente da comercialização de material eléctrico. Por falar nisso, vamos abrir agora uma nova loja, na Zona Industrial de Viana, junto a Luanda, num local privilegiado, junto de empresas clientes, com uma interessante dinâmica empresarial e perto da nossa sede.
A nível europeu, estiveram envolvidos na criação de um data center para o TikTok, no norte da Europa, como está a correr a experiência na Europa?
Está a correr muito bem. É uma geografia totalmente diferente da de África. Já terminámos, com bastante sucesso, a empreitada do data center há oito meses. Foi um trabalho que durou dois anos. Em pouquíssimo tempo, conseguimos contratar boas pessoas, deslocá-las para o local da obra e realizámos os trabalhos. Continuamos a operar na Europa do norte e, inclusivamente, no fim-de-semana do 25 de Abril, estive na Suécia a tratar lá de trabalho na sucursal. Temos em mãos uma obra no país, através da EST Suécia, desde 2014. Estamos presentes numa obra em Gotemburgo, a segunda que temos nessa cidade, e estivemos em Estocolmo, em Øresund, em Uppsala e em vários outros locais. Estamos também presentes na Dinamarca, num mercado que nos interessa muito e noutros países nórdicos.
Há alguma economia em crescimento onde gostaria que o Grupo EST operasse?
Marrocos é um destino que me interessaria. Estive lá no ano passado, por duas vezes, em locais diferentes e é um país incrível que está em franco crescimento. Notei que há muitas empresas espanholas presentes, que aproveitam a proximidade geográfica e o constante movimento entre as duas costas, para desenvolver negócios. Não temos previsão de obra ou presença física em Marrocos, mas é algo que nos agradaria.
Quais são, para si, os três momentos mais marcantes, na história da empresa?
A minha primeira recordação importante foi quando mudámos para as instalações actuais. Lembro-me da EST estar sediada na garagem da casa dos meus pais. Viemos para estas instalações, ao lado da Zicofa – Zona Industrial da Cova das Faias, em Junho de 1996. Está a fazer 29 anos. O segundo momento foi quando adquirimos a totalidade do capital social da EST, e esta ficou a pertencer a 100% à nossa família. Recordo-me muito bem dos sócios e da boa relação que tinha com eles. Sempre fui muito bem recebida e acarinhada. Nessa altura, eu já estava “quase profissionalizada” na empresa. Teria 18 anos, estava para ir para a faculdade, e já estava envolvida com temas sérios da empresa. O terceiro momento, sem dúvida, foi a primeira vez que fui a Angola e isso marcou o início da expansão da empresa a nível internacional. Já tínhamos trabalhos no estrangeiro, mas eram obras específicas, íamos e regressávamos. Mas a ESTPOR foi a primeira empresa fora de Portugal que fundámos. Apesar de toda a instabilidade do mercado, apesar de ser super desafiante, foi muito importante para nós porque esse passo deu-nos muita visibilidade.
No seu percurso académico encontramos uma formação em Gestão de Empresas Familiares. O seu pai incentivava-a e à sua irmã a tomar contacto com a empresa?
Vivi desde cedo esse contexto e costumava acompanhar o meu pai em jantares, eventos e encontros de negócios. O trabalho dos três na EST é harmonioso. Cada qual tem os seus temas para dar seguimento, falamos os três e estamos a par das questões da empresa. Posso dizer que temos uma boa relação com o “presidente do Conselho de Administração”. Mantemos um diálogo e discussão saudáveis, para termos todos os pontos de vista e isso faz-nos crescer.
Carolina Rodrigues, 42 anos concluídos a 13 de Abril, dois dias após o 35.º aniversário da EST SGPS, licenciou-se em Gestão de Empresas, pelo Politécnico de Leiria.
“Talvez, inconscientemente, tenha sido influenciada pelo ambiente da empresa, de que o meu pai foi um dos sócios-fundadores”, recorda.
Após a licenciatura, ingressou no INOV- -Jovem, realizando, de seguida, uma pós-graduação e mestrado em Gestão Empresarial, na Faculdade de Economia da Universidade de Faro.
Ainda passou por um curso de Gestão de Empresas Familiares, no ISCTE, e por outro em Corporate Governance, na Nova.