Os preços das casas em Maio subiram em dez capitais de distrito, com Guarda (6,5%), Braga (5,4%) e Leiria (3,8%) a liderarem a lista dos locais onde se verifica a maior diferença.
Segundo os dados mais recentes do site Idealista, Lisboa continua a ser a cidade onde é mais caro comprar casa: 5.619 euros/m2.
O Porto (3.560 euros/m2) e o Funchal (3.355 euros/m2) ocupam o segundo e terceiro lugares. Leiria (1.547 euros/m2) ocupa o 12.º lugar deste pódio, longe dos 2.654 euros que, segundo o índice de preços do Idealista e contabilizando Lisboa e Porto, é o valor médio nacional.
Diamantino Caçador, agente imobiliário em Leiria e na Marinha Grande, chama a atenção para o facto de estes valores não representarem preço de venda, mas a expectativa ao colocar os imóveis no mercado.
“De qualquer forma, é representativo da evolução do mercado. Estes dados dizem-nos que, efectivamente, os imóveis estão mais caros em Maio do que em Abril. Sabemos que, em termos reais, os valores de 2023, face a 2022 subiram 5,6%, no concelho de Leiria.”
O agente imobiliário adianta que, apesar de o metro quadrado ser transaccionado a 1.547 euros, “é muito difícil de adquirir habitação nova abaixo dos dois mil euros por metro quadrado em Leiria”.
O principal factor que influencia o aumento de preços é transversal a todo o País: a simples lei da oferta e da procura. Leiria já regista um crescimento no número de casas novas, porém, afirma Diamantino Caçador, este ainda é insuficiente.
“Não há imóveis em quantidade suficiente para suprir as necessidades do mercado, embora a procura possa ter baixado um pouco devido à subida dos juros, que empurrou clientes para fora do mercado, impossibilitados de pagar prestações altas.”
Norberto Isidro, agente imobiliário em Caldas da Rainha tem a mesma opinião, a pouca construção destinada à classe média empurra os preços para cima. “Continua a não se construir e isso leva a que a procura continue a ser maior do que a oferta.”
Nas Caldas da Rainha, o valor médio do metro quadrado situa-se entre os 1.400 e os 1.500 euros.
O valor
5,6%
preços em 2023 face a 2022
“A tendência, provavelmente, será para continuar a subir, especialmente com a nova medida do Governo, para isentar os jovens de Imposto de Selo e do Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis, que, certamente, irá provocar um boom no mercado.”
Neste cenário, os construtores preferem investir na construção em habitação nova para segmentos superiores, uma vez que o retorno é muito mais vantajoso do que a edificação para a classe média.
“Não existe construção com valor acessível. O que se constrói, pelo menos aqui, na zona de Caldas da Rainha, é, maioritariamente, para a gama alta”, diz o agente imobiliário, adiantando que os elevados custos em mão-de-obra, materiais, licenças e terrenos impossibilitam a pretensão de criar habitação mais acessível.
“O agente imobiliário tem de se adaptar ao mercado que tem. Quando estamos a trabalhar num mercado onde há mais gente a querer comprar do que a vender, qualquer imóvel que fique disponível, é vendido em duas ou três semanas”, garante. Actualmente, sublinha, a dificuldade não é encontrar um comprador, mas quem queira vender.
“O ‘cliente normal’, que procurava uma casa por 150 ou 170 mil euros, acaba por fazer um esforço extra e desembolsa 220 ou 240 mil euros, porque a habitação é um bem essencial. O cliente da classe média acaba por quase entrar na gama da classe alta.”
Ainda assim, para Diamantino Caçador, os imóveis são dos investimentos mais seguros que pode haver. Mesmo com flutuações no mercado, a habitação tende sempre a valorizar.
“Nos últimos 50 anos, as casas aumentaram de valor, sobretudo, as bem localizadas. Podem ser arrendadas e rentabilizadas ou vendidas para realizar mais-valias.”
Já o presidente da Associação Regional dos Industriais de Construção e Obras Públicas de Leiria (Aricop) diz que a subida de valor em Leiria representa “o mercado a funcionar”, mas acredita que, neste momento, já haveria condições para a estabilização dos preços.
“Temos de perceber os antecedentes de Leiria, em relação a outras capitais de distrito. Parece-me que a cidade nunca teve valores muito elevados relativamente ao cenário nacional. Isso deve-se à pujança e competitividade do sector na região”, diz José Luís Sismeiro.
O empresário refere que, provavelmente, os preços indicados pelo Idealista resultam de “um pequeno ajuste”, quando já há mais oferta.
“Podemos ver muitos edifícios em construção e acabados. Ter demasiados imóveis disponíveis no mercado também não é saudável, porque isso distorce os valores que deveriam ser praticados.”