PUBLICIDADE
  • A minha conta
  • Loja
  • Arquivo
  • Iniciar sessão
Carrinho / 0,00 €

Nenhum produto no carrinho.

Jornal de Leiria
PUBLICIDADE
ASSINATURA
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Jornal de Leiria
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Home Sociedade

Catarina Gomes: “Não é por haver gás em Portugal que ele será mais barato”

admin por admin
Agosto 16, 2019
em Sociedade
0
Catarina Gomes: “Não é por haver gás em Portugal que ele será mais barato”
0
PARTILHAS
0
VISUALIZAÇÕES
Share on FacebookShare on Twitter

Esteve à frente da Linha Vermelha, plataforma de luta contra as alterações climáticas e exploração de hidrocarbonetos em Portugal. O que a levou a sair da sua zona de conforto e dar a cara por essa causa?
Faz parte da minha personalidade. Gosto de sair da minha zona de conforto. Sou uma cidadã activa, que faz questão que o seu futuro esteja nas suas mãos e é essa a forma correcta de vivermos em democracia e em sociedade. Quando vejo que posso alterar coisas que nos afectam, envolvo-me. A questão ambiental é crucial e, em especial, em Portugal a exploração de recursos fósseis como o petróleo e o gás. Vivi muitos anos fora e quando cheguei a Portugal pareceu-me óbvio que tinha de ajudar, pois está a acontecer uma coisa errada e retrógrada, com impacto grande na minha vida e na de todas as outras pessoas. Acabou por se tornar na minha vida profissional, comigo e com o João Costa a gerirmos a campanha da Linha Vermelha. Foi uma coisa de base, que foi criada por ambos e arranjámos forma de a financiar, sem ter de depender de terceiros. Actualmente, as pessoas vão ao supermercado e não se apercebem que a nossa comida vem da natureza. Havendo um crime ambiental e uma decisão política pouco inteligente, para mim fez sentido envolver-me e colocar à disposição as minhas competências profissionais nas áreas da estratégia e da comunicação. O que é estranho é não haver mais pessoas a fazer o mesmo. 

Os portugueses não se interessam?
Não há só uma única forma de analisar a realidade. No que toca à natureza, como vivemos numa sociedade cada vez mais industrializada, é complicado para o cidadão comum entender a ideia de que a natureza nos dá coisas. Já ninguém planta batatas para comer. Vai ao supermercado e, caso não haja fornecimento suficiente em Portugal, elas são importadas de outro país. As pessoas não chegam à conclusão de que, caso haja crimes ambientais, podem ficar sem comida. Há uma desconexão dos cidadãos entre a vida e a natureza. 

Há pouco tempo, o ambientalista João Camargo disse, em entrevista no JORNAL DE LEIRIA, que as vagas de calor que têm atingido a Europa terão impactos negativos na agricultura e que o preço dos alimentos, subirá. Comunga dessa ideia?
É óbvio e percebe-se fazendo uma leitura à economia. As leis da oferta e da procura ditam isso mesmo. Há vários estudos que mostram que as pessoas, não apenas os portugueses, têm dificuldade em pensar a longo prazo, quer seja no ambiente, quer seja na poupança, na reforma. Criar objectivos a dez e 20 anos… Têm muitas dificuldades em pensar em encadeamentos de consequência. E isto passa-se também na questão da comida e das alterações climáticas. Costuma dizer-se: "pensa nos teus netos e naquilo que lhes vais deixar". Mas as pessoas não o fazem. Em Portugal, o que se passa, especificamente, é que saímos de um sistema de ditadura pautado pela baixa literacia, pelo impedimento da participação cívica, e, hoje, ainda estamos presos à ausência de educação para o civismo, para o consumo de dados, para saber interpretar o que se lê na Internet e na ideia de que "alguém irá cuidar de nós", e que a culpa de tudo é do Governo ou de não sei quem. 

É uma atitude pouco democrática… 
É natural que as pessoas pensem assim. Culturalmente, sempre fomos dependentes de alguém; da Igreja, da caridade… Está na hora de o País ganhar confiança em si mesmo e de as pessoas perceberem que podem decidir o futuro e fazer as coisas com as suas próprias mãos, sem cair na ideia de faroeste. O que fazemos no activismo ambiental não é uma confrontação. Não queremos forçar ou agredir ninguém. Queremos chamar a atenção para a necessidade de mudar comportamentos individuais e o consumo, mas temos também de exigir, aos grandes produtores que são os maiores causadores da parte humana das alterações climáticas, que mudem métodos de produção e a quantidade que produzem. Não basta parar de usar o cotonete ou a palhinha de plástico. Isso é residual. 

O que respondem a quem critica a Linha Vermelha por querer "acabar com o gás e com o petróleo"?
Opomo-nos à prospecção e exploração de gás na Bajouca e em Aljubarrota, mas propomos investimento e transição para energias mais limpas em que Portugal é muito mais rico. Além disso, há várias coisas que o público deve perceber: primeiro, o gás, não é "natural". É fóssil, é um recurso… Estamos a tirar algo à natureza e a devolver outras coisas que podem ser prejudiciais para a nossa casa, a Terra. Em segundo lugar, não se vai fazer um furo em Aljubarrota ou na Bajouca e o gás vai directo para o fogão da cozinha lá de casa. Isso é apenas propaganda. Também não é por haver gás em Portugal que ele será mais barato. Não temos, de acordo com os contratos, prioridade de compra. O gás pode ir para outro país onde o paguem mais caro. Estamos a falar de uma multinacional cujo objectivo é fazer lucro… Se for mais rentável vender o gás para o Canadá, é para lá que ele irá! Não é uma questão de orgulho nacional, nem de interesse energético nacional. Leiam os contratos assinados entre a Australis e o Governo. É muito fácil. São públicos, estão online e está lá tudo. Segundo cálculos matemáticos e científicos, sabemos que é agora ou nunca que temos de alterar os nossos hábitos de consumo e temos de investir na transição dos combustíveis para fontes renováveis e abundantes de energia, como o sol, o vento ou o mar. E há a questão dos consumos. Não percebo como uma família de três pessoas, na Marinha grande, precisa de três carros para percorrer 100 metros. Temos de pensar no planeta como se fosse o nosso orçamento familiar para o mês. Se temos mil euros, não podemos gastar mais! Entendo que lutamos a vida toda para termos o básico; acesso à educação, casa, carro, comida e agasalho para os nossos filhos. Não questiono isso. Todos o merecemos. No entanto, temos de avaliar o que é conforto e o que é excesso de conforto. 
 

Perfil 
Especialista em comunicação e inovação 

Catarina Gomes, 35 anos, trabalha em media, inovação e jornalismo. Cria e desenvolve projectos em áreas como os Direitos Humanos, Direitos Sexuais e Ambiente na Europa, Ásia, África e América Latina. O fio unificador do seu trabalho é a inovação, quer tecnológica – digital, realidade virtual e aumentada -, quer de impacto social. A mais recente experiência de realidade virtual com a qual trabalhou fez parte da selecção oficial dos festivais de cinema de Veneza e de Nova Iorque e venceu o Prémio de Melhor Uso de Arte Imersiva, no Festival South by Southwest, nos Estados Unidos. Está agora a colaborar no projecto Manicómio, onde vai lançar a primeira revista no Mundo feita por pessoas tocadas pela doença mental. É mestre pela Universidade de Aarhus e pela de Amesterdão.

O facto de ser natural da Marinha Grande pesou na sua actividade enquanto activista?
A tradição vidreira está presente na sua maneira de ser? O meu pai foi preso político no Aljube e o meu tio foi membro activo da resistência contra a ditadura de Salazar. Ao crescer na Marinha Grande, somos influenciados pela ideia romântica de sermos contra a injustiça e isso, obviamente, tocou-me. A mim e a muita gente natural da cidade. Mas há muita gente que está envolvida no activismo ambiental e na luta pelos Direitos Humanos, que não vem da Marinha! É uma questão de civismo. Tive a sorte de ter pertencido a vários movimentos juvenis cívicos, enquanto crescia, que mudaram a minha forma de ver o Mundo e de participar. Além disso, sou uma pessoa com muita curiosidade. Se olharmos agora a Marinha Grande, vemos que há muita falta de participação cívica. Se calhar a cidade deve olhar para o seu passado recente. 

Perdeu o espírito reivindicativo?
É outro tipo de reivindicação. Na época da ditadura, lutava-se contra a falta de liberdade, contra os salários baixos e exploração dos trabalhadores… O meu pai, por exemplo, começou a trabalhar aos cinco anos! Era uma reivindicação que assentava na sobrevivência. Felizmente, o que agora devemos reivindicar já não é a sobrevivência a curto prazo, mas a sobrevivência a longo prazo. Temos falta de educação e informação para exigir a autarcas, governantes e empresas, melhores condições a dez, 20, 30 ou 100 anos. A Marinha Grande é um centro operário onde as pessoas, imersas na rotina ou a trabalhar em turnos e com famílias, não têm muito tempo para pensar noutras coisas. 

Qual deveria ser a maior reivindicação da população da Marinha Grande? 
A questão do Pinhal de Leiria e da Mata Nacional é ridícula! É curioso que, após a situação com o Observatório do Pinhal do Rei, já vai existir um posto do Observatório da Mata que será aberto na cidade – não se sabe daqui a quantos anos. Entretanto, a floresta vai-se degradando com mais invasoras, com mais eucalipto e sem pinheiro nem espécies autóctones. É importante trazer um centro de poder para a região, mas não é menos importante que os líderes locais sejam melhores na comunicação e mobilização que fazem na comunidade. O facto desses líderes – como a presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande – não falarem com as populações, não irem ao terreno e não verem as estradas fecha- das na Mata, revela uma  [LER_MAIS] gestão municipal muito fraca. Não basta estar dentro do escritório – mesmo que estejam a tomar decisões – e não falar com as pessoas. Na Marinha Grande, tem havido uma falta de liderança e de empatia muito grandes. 

Escuta isso da população?
Escuto o que as pessoas dizem, e é o que eu própria vejo. Não há justificações e não há abertura aos munícipes do processo de deliberação e discussão. E não há processos participativos. Isso também tem de vir dos decisores políticos! Nota-se na Marinha Grande uma grande "revolução silenciosa". Os mais jovens, que tiveram, ao contrário dos pais, acesso à Internet, à universidade e exposição a novas ideias, exigem muito mais abertura e transparência nos processos de participação. Parece-me que as pessoas que lideram politicamente o País estão a sofrer um choque. Por um lado, pela abstenção, que demonstra que há falta de vontade de participar dos portugueses – não apenas dos mais jovens – e que mostra o quebrar da ligação às elites políticas actuais. Por outro, percebe-se claramente que as decisões políticas são tomadas com base em interesses eleitorais, sempre a curto prazo. O ambiente e o futuro, por exemplo, são preocupações dos mais jovens, que quase não encontram eco nas classes políticas. 

Sendo uma pessoa que já viveu na Dinamarca, país conhecido mundialmente pela sua estratégia a longo prazo no desenvolvimento assente na cultura, como avalia a aposta que Leiria está a fazer nesse sector? 
O desenvolvimento deve ser visto através de uma abordagem holística. A partir da segunda metade do século XX, a nossa zona sempre foi conhecida por ser uma área de grande desenvolvimento económico, assente em PME e na indústria, em especial na dos moldes e plásticos, com taxas de desemprego muito baixas… O que vejo agora é que há uma grande aposta em entreter os "trabalhadores e as suas famílias". Leiria está a seguir o que outros municípios também estão a fazer e não me parece que seja inovador. Mas reconheço o esforço e o trabalho que está a ser feito. Vê-se mais vida e mais animação, que geram comércio e ligação das pessoas à cidade e região de Leiria. Não me querendo repetir, devo dizer que temos de pensar a longo prazo e perceber quais são os nossos elementos diferenciadores. As pessoas estão cada vez mais liga- das à sua região, gostam cada vez mais dela, mas isso não passa para fora. Lá fora, a estratégia de Leiria é exactamente igual à de muitos outros municípios. Temos de pensar no que queremos fazer: queremos atrair as pessoas que já são da nossa zona para consumir a produção cultural ou queremos atrair pessoas de fora? O que se passa em Leiria não é realmente muito inovador… E inovador não precisa de ser algo semelhante à uma ideia de startup. Pode ser apenas fazer um mapeamento estratégico da oferta nacional e regional a nível europeu e ver que tipo de artes, de pessoas, de história diferente temos para contar e não ter medo de arriscar nisso… E comunicar! Não alterar a estratégia a cada quatro anos também ajudaria. 

Entrou recentemente para o Manicómio, um projecto ligado às artes, sediado no Beato Now, em Lisboa, e que conta na equipa com Mónica António e João Pombeiro, que também são de Leiria.
Trabalho nas áreas da inovação e media. Neste momento, tenho um novo bebé chamado Manicómio, que é um projecto que conjuga arte e saúde mental. Nasceu de uma outra iniciativa do Júlio de Matos, que é um dos hospitais psiquiátricos mais famosos de Portugal, e que consiste numa galeria de arte e num atelier para artistas que sofrem ou já sofreram de doença do foro psíquico. Através de nós, eles expõem com outros artistas nacionais e internacionais conhecidos, e temos o objectivo de acabar com o estigma da saúde mental. Há dados que mostram que um em cada cinco portugueses tem ou já teve uma doença mental, desde o burnout e depressão à esquizofrenia ou ao autismo. Estou a trabalhar directamente com o Pombeiro que é o responsável pela revista Manicómio que será apresentada em Outubro e terá três edições por ano. Será uma publicação artística/jornalística de alta qualidade e com distribuição nacional, cujo primeiro entrevistado será Eric Cantona. Serão os nossos artistas a fazer a entrevista. Vamos também ter uma rádio, experiências de realidade aumentada, exposições internacionais e uma tour… A revista será traduzida em cinco idiomas: mandarim, inglês, francês, castelhano e português. E é um projecto lindo e fantástico, que permite uma liberdade incrível em termos criativos.

 

Etiquetas: activistaalterações climáticasambienteaustraliscatarina gomesentrevistagás naturaljornal de leiriamanicómioMarinha GrandeObservatório do Pinhal do Reipetróleo
Previous Post

Ansiolíticos usados como droga recreativa entre os jovens

Próxima publicação

Rivais no passado, Mira de Aire e Minde dão as mãos para valorizar território

Próxima publicação
Rivais no passado, Mira de Aire e Minde dão as mãos para valorizar território

Rivais no passado, Mira de Aire e Minde dão as mãos para valorizar território

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

  • Empresa
  • Ficha Técnica
  • Contactos
  • Espaço do Leitor
  • Cartas ao director
  • Sugestões
  • Loja
  • Publicidade Edição Impressa
  • Publicidade Online
  • Política de Privacidade
  • Termos & Condições
  • Livro de Reclamações

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.

Bem-vindo de volta!

Aceder à sua conta abaixo

Esqueceu-se da palavra-passe?

Recuperar a sua palavra-passe

Introduza o seu nome de utilizador ou endereço de e-mail para redefinir a sua palavra-passe.

Iniciar sessão
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Opinião
  • Sociedade
  • Viver
  • Economia
  • Desporto
  • Autárquicas 2025
  • Saúde
  • Abertura
  • Entrevista

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.