É inegável que o Governo actual nos tem surpreendido pela positiva, nos aspectos económico e social, com metas orçamentais a serem cumpridas, com o desemprego a atingir mínimos históricos, as taxas de crescimento a atingirem os melhores níveis da Europa e toda a panóplia de indicadores que hoje, mal ou bem, definem os países bem comportados dos mal comportados embora, pessoalmente, acredite muito pouco na maioria desses estereótipos económicos e financeiros a partir dos quais se condenam ou se valorizam países e suas populações.
Mas, a verdade, é que as agências internacionais como o FMI, a União Europeia e, mesmo, as agências de rating se vêm rendendo a esta realidade, cantando loas à governação do nosso País. O que aconteceu para, num curto espaço de tempo, tanto ter mudado em Portugal?
No meu entender, inteligência e capacidades de ler a realidade e de resolver problemas por parte do governo actual. O Primeiro-ministro cessante, Passos Coelho, sem desprimor pessoal, não tinha e não tem qualidades de preparação e de abstracção intelectual que lhe permitissem ser primeiro-ministro nem, sequer, presidente do PSD.
[LER_MAIS] Por isso, decidiu que iria aplicar muito mais austeridade que aquela recomendada por uns consultores que apareceram por aqui, mesmo transformando Portugal num País de andrajosos. Após o seu consulado, não conseguiu digerir não ter conseguido formar governo e continuou a fazer previsões apocalíticas sobre o futuro do País.
Parecia aquele militar iraquiano que, em transmissão directa na televisão, dizia que o exército iraquiano tinha rechaçado o exército norte-americano e nem reparou nos tanques dos americanos a passarem atrás dele do outro lado da ponte onde se encontrava a falar.
O problema são, agora, os grupos de pressão com a CGTP à frente, que vão exigir tudo e mais alguma coisa em termos de aumento de despesa para os privilegiados que se sentam à mesa do Orçamento, para além da desestabilização da Autoeuropa, mesmo se perdermos um dos maiores exportadores nacionais.
Esperemos que não sejam estes o “Diabo” de Passos Coelho. Por isso, recomenda-se ao governo cautela e caldos de galinha porque o País ainda está engripado.
*Economista