A empresa Tecneira desistiu do projecto que previa a instalação de uma central fotovoltaica na freguesia do Juncal, em Porto de Mós, que foi alvo de contestação da população. Já com os cerca de 20 hectares de floresta abrangidos pelo projecto cortados, o promotor concluiu que, “por razões técnicas”, o investimento “não é viável”.
A informação foi avançada no final da semana passada, numa reunião realizada na Câmara de Porto de Mós, e é confirmada ao JORNAL DE LEIRIA por fonte da empresa. “Infelizmente, constatamos a inviabilidade técnica de montar a central devido à orografia do terreno. Ainda fizemos um investimento significativo, para tentar ultrapassar alguns obstáculos, mas concluímos que, tecnicamente, não é viável”, adianta Alda Delgado, administradora da Tecneira.
A representante da empresa sublinha, no entanto, que a fase de construção/instalação ainda não tinha sido iniciada. “Já havia aprovação da Direcção-Geral de Energia, que nos atribuiu a potência, mas estávamos ainda na fase de estudos e projectos para o parque”, esclarece a responsável, que, sobre a reflorestação do local, remete para as conversações que estão em curso com os proprietários dos terrenos, cujo teor “não é oportuno” revelar.
Confrontado com esta questão pelo JORNAL DE LEIRIA, o presidente da câmara, Jorge Vala, adianta que há a promessa de um projecto de rearborzização “idêntico ao que estava, com pinhal, mas também incluindo algumas árvores mais resistentes aos fogos”.
O projecto do parque solar mereceu contestação da população por destruir uma zona que, embora em terrenos privados, funcionava como “pulmão verde” da freguesia. Numa sessão de esclarecimentos realizada no ano passado, os moradores manifestaram-se também preocupados com a proximidade da central a algumas habitações e com eventuais problemas no escoamento de águas, atendendo à “orografia do terreno”.
Segundo foi revelado na ocasião pelos representantes da empresa, em causa estava uma central fotovoltaica com 20 mil painéis, que ocupariam 20 dos 37 hectares de terreno afectos ao projecto, e que permitiria “evitar a emissão de 7.235 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano”.
Artur Louceiro, presidente da Junta do Juncal, que na segunda-feira ainda não tinha sido informado da decisão da empresa, espera agora que o local seja reflorestado. “É certo que os terrenos são privados, mas gostava que voltasse a ter floresta”, referiu o autarca.