Há dois anos, aquando dos Censos 2021, o Coimbrão era a freguesia mais envelhecida do concelho de Leiria, em resultado do aumento da população com mais de 65 e da redução das crianças e jovens. Mas, nos últimos anos, esta segunda parte da equação tem registado uma alteração, sobretudo devido aos fluxos migratórios, que têm gerado um incremento de alunos no centro escolar da freguesia, que duplicou o número de crianças.
Quando iniciou actividade, em 2012, o edifício acolheu 41 alunos do 1.º ciclo e 26 provenientes dos jardins de infância do Coimbrão e da Ervedeira, totalizando 67 crianças. Uma década depois, o número subiu para 125. “Há quatro turmas do 1.º ciclo a funcionar, com 80 alunos, e dois grupos do pré-escolar, com 45 crianças”, avança Adélia Lopes, directora do Agrupamento de Escolas Rainha Santa Isabel, referindo que este aumento se deve, essencialmente, aos alunos estrangeiros, sobretudo, brasileiros, que se têm fixado na freguesia, com destaque para a praia do Pedrógão.
Os números deixam Tiago Santos, presidente da Junta do Coimbrão, com um sorriso no rosto, ao lembrar o tempo em que os membros do executivo tiveram de“andar a bater de porta em porta”, para que os pais mantivessem ou matriculassem os filhos no centro escolar, que, segundo a vereadora da Educação, Anabela Graça, “esteve em risco de fechar”.
“Quando cheguei ao executivo tínhamos um problema de falta de alunos e um centro escolar sem o devido aproveitamento. Por isso, mudámos para lá a sala multi-deficiência que estava na Carreira”, recorda a autarca, reconhecendo que hoje o cenário “é bem diferente”. De tal forma, que, admite, já se coloca “a possibilidade de abrir uma nova sala para o pré-escolar.
Esse foi, aliás, um pedido feito por alguns dos moradores da freguesia que intervieram na última reunião de Câmara de Leiria, realizada na semana passada, no Coimbrão.
À espera de vaga
Mãe de três filhos, dois dos quais a frequentar o centro escolar, Lénea Sousa defende que já se justifica a abertura de uma terceira sala do pré-escolar, contando que, à semelhança do que aconteceu no início do ano lectivo que agora está a terminar, voltará “a não haver vagas para todas as crianças” que completem três anos depois de Setembro. “Como não são consideradas prioritárias, terão de esperar que haja uma vaga”, frisa a encarregada de educação, a viver há seis anos no Coimbrão.
Lénea Sousa entende que é também necessário um “reforço” do pessoal afecto ao pré-escolar, à semelhança do que a junta já fez nas Actividades de Apoio à Família. Sugeriu ainda um protocolo com o Município da Marinha Grande para que as crianças do Coimbrão possam frequentar a piscina de Vieira de Leiria e a disponibilização de Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC).
Sobre este último ponto, a vereadora da Educação reconheceu dificuldades de contratação de recursos humanos para dinamizar as AEC em freguesias mais afastadas da sede do concelho. “É complicado contratar docentes para fazer só uma ou duas horas por dia, porque as distâncias que têm de percorrer não permitem mais”, alegou Anabela Graça, adiantando que, para tentar ultrapassar esse obstáculo, será lançado o desafio às associações de pais, que promovem as AEC, para contratarem “dentro das comunidades”, como filarmónicas ou clubes desportivos.