No primeiro ano de actividade, completado esta quarta-feira, o crematório de Leiria efectou perto de 500 serviços. Um número aquém das estimativas iniciais da Servilusa – a empresa que construiu e que tem a concessão do espaço por um período de 20 anos -, que apontavam para perto de 900 cremações, mas a tendência é para crescer.
“A taxa de utilização do crematório nos primeiros dois meses de 2020 é o dobro face [à média mensal] do ano de 2019. A t opção pela cremação em função dos funerais tem crescido significativamente”, adianta Paulo Carreira, director-geral de negócio da Servilusa, frisando que este aumento em Leiria “é expectável”. Por um lado, acompanha a tendência nacional de crescimento das cremações, e por outro, é consequência do “maior conhecimento desta opção” na região.
Fazendo um balanço “positivo” do primeiro ano de funcionamento deste crematório, o representante da Servilusa considera que a tendência registada em Leiria “é um processo natural, em função do histórico de outros locais” onde foi instalado um equipamento desta natureza. “O crescimento inicial foi mais lento derivado da dificuldade de a informação chegar à população. Evidentemente as funerárias assumem um papel importante, na medida que são os primeiros que podem informar a família sobre esta nova opção”, refere Paulo Carreira.
Representando um investimento a rondar um milhão de euros, o crematório de Leiria serve preferencialmente os dez concelhos da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós).
[LER_MAIS]Segundo dados da Servilusa, Leiria é o município com mais cremações, representando 34% do total, uma diferença que, no entender de Paulo Carreira, pode ser explicado pela existência de maior número de funerárias e, dessa forma, de “mais disponibilidade para informar a família sobre a opção”.
Além de Leiria, “outros municípios com relevância” na utilização do crematório “são Marinha Grande, Caldas da Rainha, Batalha, Alcobaça e Torres Novas”, acrescenta o director-geral de negócio da Servilusa.
Em relação ao destino dado às cinzas, “normalmente” as famílias fazem o seu levantamento. “Uma vez que são muitos os municípios que têm utilizado o crematório, as famílias preferem ter as cinzas mais perto, nomeadamente, nos cemitérios correspondentes”, revela Paulo Carreira, adiantando que o Jardim da Memória do crematório “tem sido muito utilizado por pessoas de Leiria”. Outra das opções é o uso de “urna Natura que consiste em plantar uma árvore com as cinzas”.
A infra-estrutura tem capacidade para realizar seis actos por dia, mas foi preparada para alargar e até duplicar esse número. Segundo dados divulgados pela Servilusa aquando da inauguração do equipamento, o custo da cremação é de 250 euros e é fixo. Sobre este valor, acrescem os preços de funeral praticados por cada agência.
Dados divulgados em Novembro do ano passado pelo Jornal de Notícias davam conta de um aumento de cerca de 200% das cremações em Portugal, em dez anos, passando de 6.900, em 2008, para 20.200, em 2018.
Numa circular emitida esta segunda-feira sobre precauções nos cuidados aos cadáveres nas situações com infecção suspeita ou confirmada por SARS-CoV-2 (Covid-19), a Direcção-Geral de Saúde recomenda o recurso à cremação. Nesses casos, deve-se “de preferência, cremar os cadáveres, embora não seja obrigatório fazê-lo”, pode ler-se naquele documento.