Constituída a 15 de Junho, a Associação Social CertaMente, em Leiria, nasceu para dar resposta à nova geração de seniores, hoje “mais escolarizados, mais dinâmicos, mais autónomos e mais próximos das novas tecnologias”. Guilhermina Leão, presidente da associação, adianta que o objectivo “começa por reabilitar o conceito de velhice, promover um envelhecimento mais feliz, porque é possível”.
“Começando a trabalhar o indivíduo, praticamos meditação e sabemos que a mente tanto está a nosso favor como contra nós. Se treinarmos para vivermos mais felizes, funciona”, assume, acrescentando que é necessário “desenvolver a autonomia, a independência, a auto-confiança e a auto-estima do idoso” e “valorizar as suas capacidades físicas e intelectuais”.
Constatando que Portugal é o “quarto país mais envelhecido da Europa” e, “espantosamente, a zona centro é a mais envelhecida do País, a [LER_MAIS]seguir ao Alentejo”, Guilhermina Leão salienta que hoje há uma “geração de seniores diferente”, com uma “modificação do perfil sócio-demográfico”.
A presidente da associação explica que o grupo que constituiu a CertaMente, a maioria a frequentar a universidade sénior Sempreaudaz, reflectiu sobre como gostariam de viver quando fossem mais velhos.
“Veio à mente aquele conceito que surgiu no Norte da Europa, o cohousing, uma habitação colaborativa. Não é o que pretendemos, mas gostaríamos que as respostas dos equipamentos sociais que existem viessem mais ao encontro das necessidades desta geração que quer decidir sobre a própria velhice”, afirma.
Para Guilhermina Leão, a velhice é mais uma etapa da vida, à semelhança da adolescência. Carece das suas adaptações às “limitações que virão, quer físicas quer mentais”. Mas, a forma como cada sénior poderá enfrentar esta fase depende do seu estilo de vida. “A longevidade é a soma positiva da vida e é isso que queremos. Não queremos acrescentar mais anos à vida, mas mais vida aos anos”, salienta, reforçando que há prazeres que se podem sobrepôr às pequenas mazelas da idade.
“Um copo de vinho do Porto e um pastel de nata são pequenos prazeres que não me podem tirar, mesmo sabendo que tenho de controlar a diabetes”, exemplifica. “A missão da associação é fazer entender que o envelhecimento deve ser vivido como outra qualquer fase da vida com o máximo de realização e bem-estar”, afirma, lamentando que, muitas vezes, se esqueçam de ouvir os idosos e falem por eles “como se fossem transparentes e não estivessem ali”.
A CertaMente irá trabalhar com vários especialistas e de várias idades, para que também haja uma “troca de conhecimento intergeracional”. Valores como a dignidade, o bem-estar, o apoio, a segurança, a privacidade e a autonomia, assim como o respeito pelas diferenças, conceitos e costumes de cada um é uma das filosofias da associação, que tem como objectivo final a criação da Vila Sénior.
“Será a cereja no topo do bolo”, revela, explicando que seria um espaço onde cada um poderia viver na sua casa, com o apoio que é necessário, isto porque “os lares tradicionais que existem não satisfazem esta nova geração”.
