São instrumentos realmente especiais. “Cada órgão é uma peça histórica, um monumento”, diz Rute Martins. “Não há dois iguais no mundo”. E, na região, destacam-se o que está no Santuário de Nossa Senhora da Encarnação – “mesmo muito importante” – e o da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, “o maior que temos a nível do país”, com 90 registos e 6.500 tubos.
Ambos vão ouvir-se em concerto já nas próximas semanas. É a versatilidade dos exemplares utilizados pelos músicos que contribui para transformar a experiência do público. Dar a conhecer “a cor do som de cada um”, que é “muito diferenciada”, segundo a directora artística Rute Martins, está entre os objectivos do II Ciclo de Órgão de Leiria, a partir deste sábado, com várias novidades: o primeiro concerto fora de Leiria, o primeiro convidado estrangeiro, um orgue-celésta Mustel de 1898 e mais concertos em comparação com a edição anterior, também organizada pelo Orfeão de Leiria.
O arranque, a 2 de Março, no Santuário de Nossa Senhora da Encarnação, em Leiria, pelas 15:30 horas, tem como intérprete o organista de Sé Patriarcal de Lisboa, António Duarte, que vai tocar música dos séculos XVI a XVIII no instrumento de 1812 construído por Joaquim Peres Fontanes – à época, um dos principais construtores em Portugal – e restaurado em 1995 por António Simões.
No dia seguinte, 3 de Março, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Santuário, onde se encontra o órgão Rufatti de 1952 que é o maior em Portugal, recebe o organista Luc Ponnet, natural da Bélgica, músico “com uma actividade a nível internacional bastante reconhecida”, assinala Rute Martins, sobre o momento com início às 15:30 horas e obras desde Bach até ao século XX que marca a internacionalização do Ciclo de Órgão de Leiria e, por outro lado, significa “um laço com a Diocese de Leiria-Fátima”.
No fim-de-semana de 8, 9 e 10 de Março, decorrem os últimos três concertos.
Na sexta-feira, a soprano Manuela Moniz e o organista da Sé de Leiria, João Santos, que vai utilizar o Mustel modelo 11 orgue-celésta de 1898, instrumento proveniente do convento franciscano de Montariol, em Braga, e pela primeira vez tocado no contexto do Ciclo de Órgão de Leiria, apresentam-se na Igreja de São Francisco, em Leiria, com um programa que percorre os séculos XIX e XX.
No sábado, Rute Martins (no comando do órgão Rufatti de 1965) e o coro Ninfas do Lis actuam na Igreja do Seminário Diocesano de Leiria com peças de Mendelssohn e Fauré, entre outros, num percurso desde o século XVI até à actualidade.
Por fim, no domingo, o organista José Carlos Oliveira junta-se ao grande órgão da Sé de Leiria, com 11 metros de altura e 2.300 tubos, construído em 1997 pelo alemão Georges Heintz, para viajar pela Europa dos últimos 350 anos.
Todos os concertos são de acesso gratuito.
Na primeira edição, segundo Rute Martins, o Ciclo de Órgão de Leiria terá acumulado quase 500 espectadores, no conjunto das três apresentações ao vivo.