Há três empresas de cerâmica do distrito de Leiria com a laboração suspensa, e mais cinco vão fazê-lo em Abril.
A informação foi avançada ao JORNAL DE LEIRIA pela Associação Portuguesa da Indústria de Cerâmica e Cristalaria (APICER), que não revela o nome das unidades em causa.
A maioria delas pertence ao sub-sector da cerâmica estrutural (produção de tijolos e telhas), onde o gás natural tem um peso muito significativo na estrutura de custos.
Tal como outras espalhadas pelo País, ao suspenderem a laboração estas empresas “poupam gás natural e matérias-primas, cujos preços estão insuportáveis”, explica José Sequeira.
“Há empresas que em Janeiro e Fevereiro já esgotaram um plafond igual ao que tinham gasto em todo o ano de 2021 em gás natural”, adianta o presidente da associação, que em comunicado divulgado sexta-feira defende que o Governo tem condições para atenuar ou ultrapassar as dificuldades que o sector atravessa, em resultado do “brutal aumento do preço dos combustíveis”.
Se nada for feito, “teme-se que muitas empresas venham mesmo a encerrar”, diz o dirigente ao JORNAL DE LEIRIA, lembrando que na Europa há já “dezenas de fábricas fechadas”.
No comunicado, a APICER sublinhou que as indústrias de cerâmica e cristalaria vêm atravessando “um dos seus piores momentos”, devido ao impacto do aumento do preço dos combustíveis.
“É com este pesado desconforto que olhamos para o novo Governo com uma crença firme de que existem condições para ultrapassar/atenuar estas dificuldades, a partir de um ministro da Economia com visão estratégica sobre o futuro e com o secretário de estado da Economia que se mantém e se renova nesta missão que bem conhece”, referiu.
Leiria
Prélis abandona produção de tijolo
Já tinha suspendido a laboração em meados do ano passado, agora a gerência da Prélis, cerâmica situada em Alcogulhe, Leiria, tomou a decisão de abandonar definitivamente a produção de tijolos. “Teoricamente, há um boom de procura no mercado, mas não vale a pena continuar. Somos o elo fraco. Seria incomportável produzir com o gás natural e a electricidade aos preços actuais”, explica Luís Ferreira. As origens da Prélis Cerâmica, antiga J. Monteiro & Filhos, remontam a 1927, “tendo ao longo de todos estes anos procurado fabricar produtos de elevada qualidade”, lê-se no site da empresa.