Admito que não tenho visto muitos filmes nos últimos meses. Apesar de ler uma média de sete romances por mês no meu magnifico e-reader – filmes é algo que não se consegue ver em qualquer lado e não se podem fechar e guardar “para mais tarde”. Para se ver um filme temos de estar conectados/as, entre 1h30 a 3h num local. Focados/as. Sem distrações.
Este mês vi um filme em sala. E no anterior, dois. Um dos quais: o Indiana Jones e o Marcador do Destino, realizado por James Mangold.
E é, no mínimo, interessante que um dos filmes que escolhi pagar uma quantia considerável para ver – numa altura em que houve um fabuloso comeback às salas de cinema com a dupla Oppenheimer, de Nolan, e Barbie, de Gerwig – tenha sido um dos que é considerado, dos maiores desastres do ano. Pelo menos, no que concerne ao lucro ambicionado que à Disney diz respeito.
Muitas suposições existem sobre esta ‘falha’:
Há quem diga que ter trocado de realizador não foi boa ideia, porque nem toda a gente consegue chegar ao dedo mindinho do pé do Steven Spielberg; outros dizem que estrear em Cannes foi um erro crasso, porque o Indiana Jones não é um filme de Cannes e recebeu logo ‘à cabeça’ péssimas reviews; há quem avance que o público-alvo é gente mais velha que não vai ao cinema, porque quem vai ao cinema é só gente nova e fresca que nem sabe quem é o herói arqueólogo; há quem admita que um protagonista de 80 anos foi má aposta; outros admitem que há uma tentativa de prolongamento da sequela com uma protagonista mulher e isso já enjoa, até porque não gostaram nada da personagem porque ela é fria e calculista e as mulheres devem ser dóceis e compreensivas; há quem refira que o filme é woke (sig. consciência das questões relativas à justiça social e racial) porque compara capitalismo a roubo numa deixa e dá protagonismo a mulheres; ou então, que o CGI está mal feito e que o filme é enfadonho.
Eu não sei o que as pessoas estavam à espera, sinceramente, e para mim, isto é apenas um rol de desculpas infundadas. A verdade é que sou uma purista do Indiana Jones que defende que a obra deveria ter sido, sempre, uma trilogia. Esta coisa das produtoras andarem a arrastar sequelas ad nauseum para um lucro de bilheteira recorrente, dá-me volta ao estômago.
Para mim, é um erro.
Há personagens que não sobrevivem sempre em altas. Há histórias que não aguentam não ter um fim. Falharam com o Indiana Jones. Este filme, não é um mau filme. Tem boa cinematografia, som, ritmo e até tem bastantes deixas interessantes, que se colam aos filmes do passado e quase nos lembram do Indiana dos anos 80 – que foi quem incentivou o meu gosto por História.
Falharam com o Indiana porque o deviam ter deixado lá, nos três filmes dos anos 80. E se quiséssemos reavivar aquele passado, bastava vermos as obras de novo. Tal como fazemos com um livro do qual gostamos mesmo muito.