Nos 150 anos do nascimento de Maurice Ravel, o legado do compositor francês (1875-1937) é o maior destaque do Cistermúsica durante o 33.º Festival de Música de Alcobaça – irá escutar-se ao todo em dez espectáculos, incluindo, pela Orquestra Filarmónica Portuguesa, a Suite N.º2 do bailado Daphnis et Chloé, o Concerto para Piano em Sol Maior (com a solista Mariamna Sherling) e La Valse.
O icónico Bolero, por outro lado, será interpretado pela Banda Sinfónica de Alcobaça, juntamente com Pavane pour une Infante Défunte. Contudo, e de acordo com o tema que inspira o Festival de Música de Alcobaça em 2025, “Variações, Impressões e Ilusões”, o Bolero também aparece numa versão para ensemble de metais pelo quinteto GMS e o Ensemble Sunrise vai tocar Pavane pour une Infante Défunte com uma formação de cordas.
No mesmo espírito, o Quarteto de Cordas em Fá Maior M. 35 surge conforme o original pelo Quarteto Tágide e num arranjo para quarteto de saxofones pelo Maat Saxophone Quartet.
Ainda no contexto Ravel Essencial do Cistermúsica, a companhia de dança Paulo Ribeiro levará a palco a coreografia Maurice Accompagné.
Pela primeira vez, o Festival de Música de Alcobaça acontece com José Rafael Rodrigues na presidência da Associação Banda de Alcobaça. Substituiu Rui Morais, que esteve no cargo durante praticamente 25 anos. Mantém-se, no entanto, “a equipa” e o propósito de “apresentar uma programação coesa do ponto de vista da música erudita e clássica” sem esquecer “outras formas” artísticas que representam um “caminho de complementaridade” para “chegar a outros públicos”.
Por exemplo, nesta edição, o eixo Outros Mundos reúne jazz, rock, funk e electrónica e traz, entre outros, o trio Bossarenova (Brasil, Alemanha) liderado por Paula Morelenbaum que se vai juntar ao português António Zambujo para dar vida a repertório de Tom Jobim, Caetano Veloso e Ivan Lins, o Ballarte Ensemble (Espanha) que se propõe encenar uma história através da utilização de música, performance, instalação cénica e elementos audiovisuais, com instrumentos antigos e modernos, e o projecto Vocal Emotion, que revisitará os maiores êxitos dos Coldplay com coro de 50 cantores, quarteto de cordas e banda rock. “Quase uma celebração”, comenta José Rafael Rodrigues.
Entre 27 de Junho e 2 de Agosto, o momento maior da temporada Cistermúsica tem previstos mais de 50 concertos. Além de artistas nacionais e internacionais consagrados, e do compromisso com a música no feminino, repete-se a aposta em talentos emergentes e a oferta Júnior e Famílias. O mosteiro e outros lugares de Alcobaça servem de cenário na maioria dos casos, mas prossegue o ciclo de concertos em meio natural (na Fórnea, Porto de Mós) e a extensão a outros concelhos, como Leiria (castelo e igreja de São Pedro). O resultado é um cartaz caleidoscópico que reflecte diferentes géneros e estéticas, do registo mais intimista às grandes orquestras como a Orquestra do Algarve, a Jovem Orquestra Portuguesa e a Orquestra XXI.
O génio de Bach, Brahms, Puccini ou Mahler perpassa o 33.º Festival de Música de Alcobaça, que assinala os 500 anos do nascimento de Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525–1594) e os 50 anos da morte de Dmitri Shostakovich (1906–1975), numa viagem do Renascimento até ao século XX.
“Mesmo especiais”, segundo José Rafael Rodrigues, prometem ser as participações dos agrupamentos La Grande Chapelle (Espanha) e Le Poème Harmonique (França). “A não perder”, também, a presença do Ensemble Mediterrain, diz o dirigente da ABA – Banda de Alcobaça, que organiza o Cistermúsica em parceria com o município e com a Museus e Monumentos de Portugal.
Este ano, o arranque do 33.º Festival de Música de Alcobaça faz-se com o Coro Ricercare e a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, que vão apresentar a Messa di Gloria de Puccini no Mosteiro de Alcobaça (27 de Junho, 21:30 horas). Ainda nos primeiros dias, sobressaem o recital de Pedro Burmester sobre as Variações Goldberg de Bach e o programa Divinum Misterium, pelo Ars Choralis Coeln (Alemanha), que evoca o misticismo das freiras de Cister.