Faltava uma jornada para terminar a época e o Clube Recreativo de Chãs (CR Chãs) já celebrava o título de campeão da Divisão de Honra de futsal da Associação de Futebol de Leiria. Depois de vencer o CPR Pocariça, por 2-1, o clube de Regueira de Pontes, em Leiria, festejou o título ‘no sofá’, quando o CS Évora de Alcobaça escorregou frente ao Casal Velho.
O título de campeão da Divisão de Honra, o principal escalão das competições distritais em Leiria, é uma distinção que muitos clubes ambicionam exibir nas suas prateleiras. Com uma época recheada de vitórias, poucos eram aqueles dentro do clube que não acreditavam em levar o caneco para casa.
Mas os jogadores também já conheciam a dura realidade: por não ter equipas de formação, os regulamentos da Federação Portuguesa de Futebol impediam que a equipa disputasse a Taça Nacional, eliminatória de acesso à III divisão.
Esta condicionante não impediu os jogadores, direcção e equipa técnica de cumprirem o principal objectivo firmado no início da época: vencer a divisão de honra.
Terminada a época e perante a falta de sucessores nos órgãos sociais, Hélio Vieira, presidente da direcção do clube, viu-se obrigado a tomar uma decisão difícil, poucos dias depois de assinalar o 47.ª aniversário desta instituição: encerrar, por “tempo indeterminado”, a secção de futsal.
“O mandato desta direcção termina em Julho e não querem continuar. Deixam de existir condições para continuar com o futsal”, explicou o dirigente ao JORNAL DE LEIRIA, pouco tempo depois do anúncio nas redes sociais.
Hélio Vieira confessou o sentimento “agridoce”, já que a equipa conseguiu “atingir os objectivos propostos”, porém, a estrutura não teria capacidades para manter a actividade desportiva. O fim parecia à vista e todos os membros do clube juntaram-se num churrasco de despedida, já que muitos deles tinham propostas de outros clubes e não queriamterminar a carreira desportiva.
O pivô Filipe Duque não ficou conformado com o fim e, apesar da nostalgia sentida já entre todos, defendeu que a equipa não podia terminar assim. A este jogador, juntaram-se outros, e a união do grupo permitiu reverter a situação.
“Vi com muito agrado esta atitude e voltei novamente a abraçar o projecto do futsal”, admitiu o dirigente.
As eleições para os órgãos sociais do clube acontecem em Julho e vários jogadores já se comprometeram integrar a lista candidata. “Vamos organizar a casa de modo a que [os jogadores] possam estar focados na competição”, explicou o presidente, certo de que a luz ao fundo do túnel não vai desaparecer.
No Clube Recreativo de Chãs, a união é um trunfo visível. Alguns jogadores andaram juntos na escola primária, outros conheceram- -se dentro das quatro linhas e, pela maioria ser natural de Chãs, “só fazia sentido jogarem nas Chãs”.
Tudo está encaminhado para o CR Chãs continuar na Divisão de Honra. Este ano, cedeu o lugar na terceira divisão nacional ao CS Évora de Alcobaça, que terminou a Divisão de Honra no 3.º lugar, mas o plantel está preparado para voltar a lutar pelo título distrital. “A Divisão de Honra está muito competitiva e seremos novamente candidatos ao título”, afirmou Hélio Vieira.
Com o problema nos órgãos sociais resolvido, sobra a falta de equipas de formação. Sem esta componente, o clube fica impedido na próxima época, igualmente, de subir de divisão. “Estamos a trabalhar nisso com a Junta de Freguesia [de Regueira de Pontes] e com o vereador [do desporto, Carlos Palheira], para haver um espaço onde se possa encaixar a equipa de formação e para não termos de abdicar do campeonato nacional.”
Clube quer novo pavilhão
Com o espírito renovado, há agora ainda mais força e vontade para lutar por um projecto que está na gaveta há tempo demais: a construção de um pavilhão onde a equipa possa treinar com todas as comodidades.
A população que apoia o clube e alguns particulares ajudaram a dar o primeiro passo, a aquisição de um terreno para instalar o pavilhão, que custou 60 mil euros.
Na sede do CR Chãs, o campo é de cimento, ao ar livre, condições que não facilitam a prática de futsal. Falta, agora, ter o projecto aprovado na reunião de Câmara de Leiria e a obra do novo pavilhão está pronta a começar, na sede do emblema de Regueira de Pontes.