Primeiro foi a transformação de um barracão em escola. Depois, a criação de uma exploração agrícola, onde são cultivados produtos para alimentar crianças e idosos. Agora, o desafio do Gotas de Amor, um projecto dinamizado pela Associação Mãos Unidas com Maria, sediada em Fátima, passa pela abertura de furos de captação, para levar água aos meninos de uma paróquia de Changara, em Moçambique.
Para que o desafio seja, mais uma vez, vencido, a organização está a convocar a população da região para um espectáculo solidário, a realizar este sábado, em Fátima, destinado a angariar fundos para a abertura de furos e a compra de equipamento que permita o bombeamento e armazenamento de água.
Florinda Marques, fundadora da Mãos Unidas com Maria, explica que o projecto de distribuição de água na paróquia de Maria Auxiliadora, em Changara, povoação que pertence à diocese de Tete, surgiu depois de várias crianças e adultos terem sido mortos por crocodilos quando apanhavam água num rio. “Já se fez um furo, com 80 metros de profundidade para servir a população, mas é preciso mais. A água é uma das grandes carências da região”, sublinha.
A implementação de sistemas [LER_MAIS]de captação é o desafio mais recente do projecto Gotas de Amor, que a associação desenvolve há cerca de três anos naquela região. Florinda Marques conta que a ideia nasceu do contacto com um padre moçambicano que conheceu em Fátima, em 2016, e que lhe falou do sonho de construir uma escola para as crianças órfãs da sua paróquia, Angonia.
O sonho demorou quatro anos a concretizar, mas é hoje uma realidade. “Mobilizei ajuda em Fátima e conseguimos erguer a escola, que, após alguns problemas burocráticos, vai finalmente, começar a funcionar”, refere Florinda Marques, que viria constituir a associação para dar seguimento ao trabalho desenvolvido e que inclui o apadrinhamento de crianças para que possam prosseguir estudos.
Entretanto, o sacerdote foi colocado numa nova paróquia, Changara, onde também não havia escola. Mais uma vez, a associação juntou esforços e dessa mobilização resultou a requalificação de um velho barracão e a sua transformação em escola.
“Havia escola, mas não havia comida”. Mas, nas proximidades, existia também “um terreno virgem, com dez hectares”, que se revelou a solução. O mato foi desbravado e no local é agora desenvolvido um projecto agro-pecuário, com horta e a criação de alguns animais, que garante o sustento das crianças que frequentam a escola. A machamba serve ainda para ajudar o centro de acolhimento da paróquia que presta apoio a idosos.
“Tudo o que faço é com paixão e através da fé. Não é uma obra minha”, diz, com humildade Florinda Marques, que agradece a “confiança” e apoio daqueles que têm respondido afirmativamente aos seus pedidos, “em prol dos mais desfavorecidos”.