Dos 284 lugares existentes no concelho de Leiria, 51 não têm qualquer serviço de transporte colectivo rodoviário. Os dados constam do diagnóstico elaborado no âmbito do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS), apresentado, na semana passada, na sessão de participação pública, que visou a recolha de contributos de entidades públicas e privadas e da sociedade civil para o documento.
Os dados partilhados revelam que, das 51 aldeias sem qualquer transporte publico, número que corresponde a quase 18% do total, existem 41 com mais de 40 residentes, com a equipa responsável pelo estudo a estimar que a ausência deste serviço afecte quase 7.900 pessoas. Os dados indicam ainda que 224 dos 284 lugares do concelho têm disponível, pelo menos, uma carreira que “interliga directamente à sede de concelho”, abrangendo cerca de 62 mil habitantes.
Coordenada por Paula Teles, especialista em mobilidade, a equipa que está a elaborar o PMUS admite que, em alguns lugares, “não se justifique” ter serviço de transporte colectivo rodoviário, mas defende que “há um conjunto de alternativas para colmatar essa insuficiência”, como seja o transporte flexível e/ou a pedido.
Assegurar a cobertura territorial do transporte colectivo é, aliás, um dos objectivos estratégicos do PMUS, que irá definir um conjunto de acções a implementar nos próximos dois anos, que transformem Leiria num “território onde se possa caminhar, que seja ciclável e com transportes públicos ajustados às necessidades e sustentáveis”.
Entre as áreas trabalhar está, segundo Paula Teles, a melhoria da “qualidade da circulação pedonal”, através, por exemplo, da requalificação e adaptação do espaço público e da implementação de medidas de acalmia de tráfego e de outras que mitiguem o estacionamento ilegal e abusivo.
O plano irá também propor medidas de regulação das cargas e descargas, a implementação de um sistema de tarifário do estacionamento ajustado às zonas de maior procura e a criação de condições para “potenciar” as deslocações em modo ciclável.
Para Paula Teles, um documento desta natureza deve interligar as várias áreas, articulando a circulação pedonal, ciclável e automóvel, os transportes públicos, o estacionamento e a logística urbana, “como se fosse uma orquestra sinfónica”, tendo como “objectivo maior a melhoria da saúde pública”.
Por seu lado, o vereador Luís Lopes que, entre outros tutela o pelouro da Mobilidade, frisou que o PMUS é “um plano para o concelho e não apenas para a cidade”, que irá definir “uma estratégia” e uma “lógica de acção a dez anos”, salvaguardando, no entanto, que o documento “não vai ao detalhe da rua”, apresentando uma visão “mais macro sobre a mobilidade”.
A sessão pública, realizada na semana passada, serviu para apresentar os objectivos do PMUS e o diagnóstico, abrindo-se agora uma fase de recolha de contributos, que incluirá reuniões com associações, forças de segurança e outros parceiros do município, avançou Luís Lopes. Só depois a proposta de plano será levada à Assembleia Municipal.