A Escola de Jazz de Leiria (EJL) vai estar, este sábado, de portas abertas a quem quiser conhecer a sua actividade e programação. É também a oportunidade de os alunos mostrarem o trabalho que desenvolveram ao longo do ano lectivo, com actuações durante a tarde no espaço da escola, instalada numa das salas do Centro Cívico, na ‘Rua Direita’.
A funcionar há dois anos, a EJL é o mais recente projecto dinamizado pelos fundadores da Orquestra Jazz de Leiria (OJL), formada em 2011, que têm dinamizado a cultura jazz na cidade e contribuído para a formação e consolidação de público deste género musical, cujas raízes se encontram em New Orleans, Chicago e Nova Iorque.
A par de concertos com artistas nacionais e internacionais, em espectáculos que têm lotado o Teatro José Lúcio da Silva, há um festival – o OJL Jazz Sessions -, que este ano comemora a sua décima edição, um disco editado e um outro em gravação e sessões regulares de jazz ao vivo na Livraria Arquivo e no restaurante Habitat.
A cerzir todos estes projectos está a Associação de Jazz de Leiria, presidida por César Cardoso, que é também o director pedagógico da EJL e maestro e criador da OJL, que tem como objectivo fazer chegar o jazz a mais pessoas. E, segundo o músico, os resultados já se fazem sentir.
“Tem havido um crescimento do público para o jazz”, diz, considerando “significativo conseguir encher várias vezes o TJLS”, que tem mais de 700 lugares, atraindo pessoas não só da região, mas também de Lisboa e Porto e até de Madrid, como aconteceu com o concerto dirigido por Maria Schneider.
A compositora e maestrina, que, entre outras distinções, conta com sete Grammy, subiu ao palco da maior sala de espectáculos de Leiria em Março de 2024, para dirigir a OJL que, antes de Maria Schneider já tinha partilhado o palco com Kurt Elling, músico norte-americano que cantou com Al Jarreau, colaborou com Branford Marsalis e ganhou dois Grammy para melhor álbum vocal de jazz.
Já este ano, foi o trompetista Jonh Faddis, que trabalhou com Dizzy Gillespie, Count Basie e Charles Mingus, entre outras lendas do jazz, a juntar-se em palco à OJL. Fay Claassen, considerada uma das grandes vozes femininas do jazz europeu, é o nome que se segue. A cantora holandesa, que conta com colaborações com figuras importantes do jazz como Toots Thielemans, Mike Stern, Bob Brookmeyer e Vince Mendoza, vai actuar com a OJL em Novembro deste ano.
“É muito gratificante partilhar o palco com estas pessoas, que têm um conhecimento muito maior sobre este género musical e que se disponibilizam a partilhar esse saber connosco”, confessa César Cardoso, que dá como exemplo de aprendizagem o que aconteceu com o concerto de Maria Schneider.
“Só toquei dois temas, mas estive ali a assistir e aprendi muito com ela”, conta o músico, frisando que esse enriquecimento estende-se também à colaboração que tem acontecido com artistas portugueses como Maria João, Pedro Abrunhosa, Ana Bacalhau, Camané, António Zambujo, Jorge Palma, Simone de Oliveira, David Fonseca e Paulo de Carvalho.
Segundo disco em preparação
Dessa parceria resultou já um disco, editado pela Sony Music Entertainment em 2021, intitulado Dez, que assinalou uma década de actividade da OJL. Em preparação, está um segundo álbum, a apresentar “no final deste ano ou no início de 2026”, que já tem confirmadas as participações de Paulo de Carvalho, Samuel Uria, Tatanka, Maria Schneider e Kurt Elling.
Em relação ao disco anterior, haverá uma novidade: “Vamos pegar num dos temas que gravámos ao vivo e masterizá-lo, para o pôr no disco.” Já fechado, está o cartaz do OJL Jazz Sessions 2025, que comemora, este ano, dez anos. O festival decorrerá entre 30 de Junho e 5 de Julho e, à semelhança de anos anteriores, contará com uma acção de formação gratuita para crianças, um workshokp em contexto de big band e jam sessions.
Pela primeira vez, os concertos finais, marcados para as noites de 4 e 5 de Julho, serão ao ar livre, com palco montado na Praça Rodrigues Lobo. Os dois abrirão com apresentações da EJL, seguindo-se as actuações dos artistas convidados, Hugo Trindade Clinic Sessions, no dia 4, e Kyle Green e Paying Dues, no dia seguinte.
Durante todo o ano, com paragem em Agosto, a OJL proporciona sessões quinzenais de jazz ao vivo na Livraria Arquivo. César Cardoso conta que a iniciativa, que começou em Setembro de 2023, partiu de um convite feito pela Livraria e os resultados são “bastante positivos”.
“Para algumas pessoas, já se tornou um hábito ir às sessões. Sabem que, de 15 em 15 dias, há um espaço na cidade onde podem ouvir jazz”, aponta o músico. Mais recentemente a iniciativa estendeu-se ao restaurante Habitat, num modelo “mais ao estilo de jam sessions, em que há um grupo que abre e depois quem quiser pode tocar com a banda”.
Esta é também um forma de os alunos da EJL “porem em prática aquilo que aprendem”, diz César Cardoso, que acredita que os vários projectos têm contribuído para cimentar o gosto pelo jazz em Leiria. “Há muita gente que nos vai acompanhando ao longo destes anos. Parece-me significativo.”