No ano passado, foram dispensadas nas farmácias do distrito 100.803 embalagens de medicamentos que ajudam a induzir e a manter o sono, número que é o mais baixo dos últimos cinco anos.
Os dados do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) revelam que, entre 2013 e 2017, houve uma diminuição de 8,3% (menos 9.220 embalagens) na venda de benzodiazepinas hipnóticas e análogos (usadas nas perturbações da ansiedade e em casos de insónia).
Segundo dados facultados ao JORNAL DE LEIRIA pelo Infarmed, em 2013, foram dispensadas no distrito 110.023 mil embalagens daqueles medicamentos, número que, no ano passado, baixou para 110.803. Já entre 2017 e 2016, tinha havido uma diminuição, embora muito ligeira (menos 27 embalagens).
[LER_MAIS] Esta quebra registada na região contraria o que se passa a nível nacional. De acordo com dados revelados na semana passada pelo Jornal de Notícias, em 2017 comercializaram-se em Portugal 1,11 milhões de embalagens de calmantes e de tranquilizantes, ou seja, mais 97 mil do que em relação ao ano anterior.
Números que indiciam que os portugueses sentem, cada vez mais necessidade, de fármacos para conciliar o sono. Para Joaquim Moita, presidente da Associação Portuguesa do Sono, grande parte do problema está na “falta de respeito que se tem pelo sono”, que não é valorizado como “algo essencial para o nosso bem-estar e para a nossa saúde”.
“Achamos que trabalhar é mais importante do que dormir. Mas, depois qual vai ser a rentabilidade no trabalho? O que é que se produziu do ponto de vista físico e intelectual? Se não se dorme oito horas, a rentabilidade é mais baixa e as empresas regem-se cada vez mais pela rentabilidade do que pelo número de horas”, frisa o médico, que é coordenador do Centro de Medicinado Sono do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Em declarações à Agência Lusa, Joaquim Moita defende que os portugueses devem seguir o exemplo de Cristiano Ronaldo, “a quem ninguém tira as suas oito ou nove horas de sono por dia”.
A esse conselho, Susana Sousa, secretária da Comissão de Trabalho de Patologia do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, junta um outro: “que se programe o sono da mesma forma que se planeia, por exemplo, o dia de trabalho”.
Citada num comunicado da SPP, aquela médica pneumologista sublinha que a organização das horas de sono é importante para todos, mas tem especial relevância para quem trabalha por turnos.
É, sobretudo, a essas pessoas que se dirige a campanha Põe o teu sono na agenda, que a SPP lançou na semana passada, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Medicina no Trabalho.