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Home Viver

Cultivar e incluir ao ritmo dos bombos

Daniela Franco Sousa por Daniela Franco Sousa
Fevereiro 20, 2020
em Viver
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Os toutiços caídos emolduram-lhe o rosto coberto de sardas. Embora pequena, Yasmine segura com o vigor dos seus 7 anos um bombo pesado, que ainda aprende a dominar. A menina é a aluna mais nova do Tocándar e o exemplo de que a paixão pela música não se mede pela idade… nem pela altura.

Foi numa manhã de ensaios, como esta, enquanto brincava no parque, que o soar dos bombos lhe despertou a curiosidade. Mal conheceu o grupo, quis logo ficar.

Com ela também está Emanuel. Aos 12 anos, é ele quem assume a linha da frente e dirige os colegas. Também ele se rendeu ainda pequeno a este projecto. Tinha 5 anos. Desde então, já aprendeu muito. Gosta de percussão, mas tem na gaita de foles o seu instrumento predilecto. Além da música, são ainda as viagens constantes, os intercâmbios, que lhe enchem as medidas. “É um orgulho” chegar a Espanha e mostrar aquilo que o grupo sabe fazer, expõe o adolescente.

“Tocándar é como se fosse uma família para mim. Faz-me sentir bem”, acrescenta Joana, de 14 anos, que vem de Leiria para participar no ensaio, na Marinha Grande.

Iuri, de 16 anos, escuta os colegas atentamente. Natural do Brasil e a residir na Marinha Grande, decidiu ingressar neste projecto assim que teve conhecimento dele, a partir de um vídeo na internet. É a primeira vez que vê o grupo ao vivo e está a gostar.

Yasmine Bernardes, Emanuel Rosa e Joana Santos fazem parte do conjunto de cerca de duas mil crianças e jovens que ao longo de 20 anos tiveram oportunidade de aprender gratuitamente com o grupo de percussão Tocándar. Nascido em contexto escolar, com mentoria do professor Paulo Tojeira, o projecto depressa ultrapassou os limites da Escola Secundária Engº Acácio Calazans Duarte, na Marinha Grande, para se tornar um projecto cultural e social de todo o concelho e, presentemente, também da região.

No momento em que assinala duas décadas de actividade, Paulo Tojeira relembra as conquistas e adianta as iniciativas que hão-de vir.

Uma bofetada no preconceito

Professor de Educação Física na Escola Secundária Acácio Eng.º Calazans Duarte, Paulo Tojeira recorda que o Tocándar surgiu em contexto escolar, integrado no projecto Aventura. “A escola tem de ser um sítio colorido, agradável. Tem de ter iniciativas onde os alunos se sintam envolvidos, motivados, se sintam bem. Iniciativas que os ocupem saudavelmente”, defende o professor.

Sucede que havia naquela escola um grupo de alunos que “sofria a pressão dos estereótipos”. Eram alunos de Desporto, dos quais Paulo Tojeira era professor, e que “sofriam um certo bullying”. Os outros entendiam que só escolhia Desporto quem não sabia fazer mais nada, conta o docente. “O que não era verdade. Tive excelentes alunos, que hoje são meus colegas, e que na época tinham excelente aproveitamento”, recorda Paulo Tojeira.

Foi através do projecto Aventura, que os alunos desta área passaram a realizar intercâmbios, a organizar torneios,a granjear reconhecimento junto da escola e a melhorar a sua auto-estima. Quando o projecto Aventura terminou, e ao perceber que existia algum consumo exagerado de álcool e de drogas entre os alunos, Paulo Tojeira sentiu necessidade de construir outro projecto, no campo da música, que fosse capaz de lhes proporcionar outras situações de “pica” e de “prazer”.

E assim soaram os primeiros bombos do Tocándar, no ano 2000. “Com instrumentos comprados com grande sacrifício”, o projecto não colheu inicialmente muita aceitação. “O grupo era confundido com um rancho folclórico, com todas as más conotações que isso tem”, lamenta Paulo Tojeira.

Foi após um intercâmbio com alunos holandeses, que os estudantes de cá perceberam que tipo de projecto estava em causa e, em massa, quiseram participar. “Passámos de quatro a 40. Tive de gastar o dinheiro que tinha juntado para ir com a família de férias, para poder comprar mais instrumentos”, recorda o professor.

O projecto depressa começou a crescer e a tornar-se incompatível com a escola, conta Paulo Tojeira, que chegou a ser acusado de “dar demasiado poder aos miúdos”. Ora, “eu não concebo um projecto para jovens, onde os jovens não tenham peso”, explica o professor. A constituição da Associação Tocándar foi a forma encontrada para ultrapassar os limites da esfera escolar.

Pela pauta da inclusão

Além de dinamizar oficinas de percussão, frequentadas sobretudo por jovens e crianças da Marinha Grande, o Tocándar tem estendido o seu projecto a concelhos vizinhos. Em Leiria, por exemplo, Paulo Tojeira foi desafiado a aplicar o seu método de ensino de música às crianças do Centro Escolar da Barreira. A iniciativa tem sido um sucesso e chega já a 200 alunos que, através dos seus ritmos, desenvolvem a coordenação, o pensamento tridimensional e matemático, explica o professor.

E na Marinha Grande, além dos cerca de 50 alunos que ensaiam na Oficina da Música – a sede do Tocándar, situada no Parque Mártires do Colonialismo – mais 12 utentes da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental da Marinha Grande são regularmente dirigidos por um aluno do Tocándar, que leva o projecto até às instalações daquela associação. E quase todos os espectáculos são oportunidade para unir todos estes alunos, frisa Paulo Tojeira.

O intercâmbio tem sido de resto uma constante na vida deste grupo, que [LER_MAIS]tem feito performances em vários pontos do País e no estrangeiro, onde têm partilhado experiências e aprendido com os melhores. A música e a forma como todos no grupo assumem responsabilidades tornam o Tocándar como uma grande família unida em torno da música. Este espírito de camaradagem, de disciplina e também de paz tem sido ambiente recomendado até por pedopsiquiatras que reconhecem neste grupo mais-valias terapêuticas. Por todas estas razões, Paulo Tojeira considera que o Tocándar é embaixador cultural da Marinha Grande, sendo por isso tempo da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia o assumirem oficialmente. Afinal, salienta, têm os meios necessários para que este projecto continue a crescer.

O (Quase) Congresso vem aí

Bombos, caixas, adufes, timbalões, jambés, didgeridoos e gaitas de foles. Estes são alguns dos instrumentos tradicionais com os quais o Tocándar cria a sua “música de identidades”. O som que resulta das experiências e gostos musicais pessoais que cada elemento junta ao grupo, explica Paulo Tojeira.

A arte, a responsabilização e respeito por cada um dos elementos são de resto valores que têm acompanhado o Tocándar desde a sua formação. Que o diga Diogo Ferreira, de 31 anos, que pertence a este grupo praticamente desde a sua formação e que, mesmo durante os tempos de universitário, sempre encontrou forma de conciliar estudos e Tocándar.

Alguns dos jovens que aprenderam os primeiros ritmos através deste projecto acabaram mesmo por seguir estudos superiores na área da musicologia. No entanto, considera Paulo Tojeira, ainda há muito a fazer no sentido de criar um conservatório de música no concelho, capaz de oferecer mais condições técnicas a quem deseja enveredar por essa via.

Recentemente Paulo Tojeira esteve envolvido na constituição de uma nova associação, a Arioso, cujo objectivo passa pela criação desse conservatório. Quanto ao Tocándar, ambiciona constituir-se como Escola de Artes Tradicionais. E acerca das artes tradicionais, adianta o professor, o Tocándar está a preparar um evento.

Trata-se da organização do (Quase) Congresso da Música Afectiva, uma iniciativa que irá decorrer nos dias 30 e 31 de Maio, na Oficina da Música, e que reunirá na Marinha Grande grupos vindos de vários pontos do País. “Temos necessidade de lamber as mesmas feridas, saber o que nos preocupa a todos, e encontrar formas de evoluir”, explica Paulo Tojeira.

Etiquetas: culturaMarinha Grandemúsica
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