O bispo de Leiria-Fátima manifesta-se “disponível para tota a colaboração” com a Justiça a fim de esclarecer as suspeitas de que terá encobrido casos de alegados abusos sexuais, ocoridos há 11 anos em Moçambique.
Numa reacção à notícia, avançada pelo jornal Público, de que está a ser alvo de uma investigação aberta pela Procuradoria-Geral da República, D. José Ornelas promete “total colaboração” e declara “ todo o seu interesse em que qualquer caso pendente seja investigado e esclarecido”.
Num comunicado emitido pela CEP, o bispo confirma que, em 2011, quando era superior geral dos padres Dehonianos, recebeu informações relativas a possíveis abusos cometidos no Centro Polivalente Padre Leão Dehon, na cidade de Gurué, em Moçambique.
Após receber as denúncias, “imediatamente, deu indicações para que estas suspeitas fossem investigadas pelas competentes autoridades locais da Congregação, as quais não encontraram nenhuma evidência de possíveis abusos”, pode ler-se naquela nota de imprensa.
No comunicado ainda referido que o caso foi posteriormente investigado “detalhadamente” pela Procuradoria-Geral de Moçambique, país onde ocorreram os alegados abusos, e pela Procuradoria italiana de Bergamo, em Itália, “onde residia um dos sacerdotes visados”.
De acordo com a nota da CEP, as investigações foram arquivadas, ilibando o missionário dehoniano em questão”. Não é, no entanto, esclarecido como é que o caso chegou à Justiça daqueles dois países e se José Ornelas, além da investigação interna levada a cabo pela congregação, teve a iniciativa de participar o caso às autoridades civis.
Na mesma nota, é referido que “até ao momento”, o bispo de Leiria-Fátima ainda não recebeu “qualquer notificação” e que desconhece o conteúdo da denúncia que motivou a abertura do inquérito. Diz-se ainda “surpreendido” com a informação de que está a ser alvo de investigação, da qual teve conhecimento através de “uma pessoa ligada aos meios de comunicação”
D. José Ornelas reafirma o “compromisso de total colaboração” para que, tanto na Igreja como na sociedade civil, “todo e qualquer abuso de menores seja investigado e que se tomem todas as medidas necessárias para que estas situações dramáticas sejam clarificadas”.
E conclui: “A Igreja tem a missão de proteger os mais frágeis e permitir que cada pessoa possa desenvolver-se, desde a mais tenra idade, num ambiente seguro e acolhedor”.
Entretanto, a Procuradoria-Geral da República confirmou ao JORNAL DE LEIRIA “a recepção de participação provinda da Presidência da República”. Informa ainda que “a mesma foi transmitida ao Ministério Público de Braga e ao DIAP [Departamento de Investigação de Acção Penal] de Lisboa para análise”.
[Notícia actualizada às 14:10 horas com informação relativa à audiência de D. José Ornelas com o Papa Francisco]