Turquia, Inglaterra, Irlanda e China são destinos que fazem parte do percurso profissional de João Silva, natural da Golpilheira, Batalha. Especializado em indústria farmacêutica, mudou-se, no início deste ano, para a Suíça, onde trabalha na Lonza, farmacêutica suíça que produziu a vacina contra a Covid-19 da multinacional americana Moderna. Espera agora “assentar por uns anos” na Suíça, mas quer continuar a viajar, somando destinos aos mais de 50 países que já visitou.
Desde cedo que João Silva sentiu o impulso de sair e de descobrir locais e culturas diferentes. Durante algum tempo, foi alimentando essa fome de conhecimento com as viagens que fazia com o dinheiro que ganhava ao mesmo tempo que estudava. Licenciado em Bioquímica pela Universidade Nova de Lisboa, fez depois o mestrado na mesma instituição, durante o qual decidiu fazer Eramus. Entre Espanha, Itália e Turquia, as hipóteses disponíveis, escolheu o destino mais longínquo, por lhe parecer também “o mais diferente”.
Em 2012, rumou a Istambul para a sua primeira experiência de viver no estrangeiro. “Passei um ano incrível, numa cidade espectacular. A comida é deliciosa e variada, muito mais do que kebabs”, conta, destacando ainda o “contraste” cultural e religioso. “Há mesquitas por todo o lado, de onde saem cânticos quase a toda a hora E as pessoas são muito amáveis.”
Um ano no sudeste asiático
De regresso a Portugal, trabalhou numa farmacêutica e depois na empresa Queijos Santiago. Mas o impulso de sair voltou, com uma oportunidade de emprego em Londres no ramo farmacêutico. Não pensou duas vezes e rumou a Inglaterra, onde ficou três anos e meio. “Londres é um mundo à parte. Conheci pessoas de todo o mundo e pude continuar a viajar”, recorda João Silva, que acabou por se despedir para cumprir o sonho de fazer uma grande viagem “antes dos 30 anos”.
O sudeste asiático foi o destino escolhido. Durante um ano, foi de Singapura ao Japão, passando pela Malásia, Laos, Cambodja, Hong Kong, Vietname, Macau e Taiwan. Pelo meio, envolveu-se em vários projectos, que enriqueceram a experiência e ajudaram a financiar a viagem.
Na Malásia, por exemplo, fez de figurante para uma série televisiva. No Vietname trabalhou como professor de Inglês a troco de estadia e alimentação. Também no Vietname fez de modelo para um anúncio de televisão. Em Banguecoque, capital da Tailândia, encontrou o amor, ao conhecer uma jovem do Quirguistão, com quem acabou por casar. Terminou a viagem no Japão, onde ficou três meses a viver com uma família, que tinha uma empresa de material escolar e de escritório, trabalhando na distribuição de livros pelas aldeias.
Com a pandemia, regressou a casa dos pais, na Batalha. Criou um canal de YouTube com vídeos para a divulgação de restaurantes e dos serviços que mantiveram para evitar o encerramento. No pós-Covid 19, voltou a sair do País, agora para Dublin, na Irlanda, onde arranjou emprego numa farmacêutica. Mas, o objectivo era voltar à Ásia. E assim aconteceu.
Ao fim de dois anos, recebeu uma proposta de trabalho em Xangai numa startup ligada ao sector farmacêutico. Mais uma experiência “incrível”. Além da “qualidade de vida espectacular”, aproveitou para viajar pela China. “É um país muito diverso. Cada província é como um país diferente. Muda a comida, a paisagem e a linguagem”, aponta, referindo que os chineses “são gente muito hospitaleira e preocupada com a saúde e bem-estar”. “Há parques em todo o lado, sempre cheios de pessoas a fazer exercício, como dança, artes marciais ou badminton. E os mais velhos têm uma agilidade e flexibilidade incrível.”
O projecto da startup não resultou e João Silva, regressou novamente “à base”, que é como quem diz, à Golpilheira. Seria, no entanto, por pouco tempo. Três meses depois, estava outra vez a fazer as malas, agora em direcção à Suíça, onde vive com a esposa desde o início deste ano. Trabalha na farmacêutica Lonza e pretende aproveitar a oportunidade para conhecer os países à volta e fazer desportos de Inverno. Agora, diz, é tempo de “assentar um pouco mais”, desfrutar do conforto que o nível de vida na Suíça lhe permite e estar mais com os amigos e visitar a família com maior regularidade. “É o melhor sítio do mundo para viver e trabalhar”, afirma.