Uma pseudo elite a querer fazer-se passar por povo, a fingir que sabe quais são os seus problemas e a mentir com quantos dentes tem com as promessas bolorentas de que os vai resolver. A todos. Sem excepção.
A estupidez primária ao serviço da democracia. Quando é que esta forma de fazer “política” acaba? Dir-me-ão que a coisa está assim montada e que é assim que se chega às pessoas, que se entra no seu quotidiano.
Que, se não fosse assim, muitas nem saberiam que há eleições e quem são os candidatos. ‘Tá bem abelha. Portanto, é com musiquetas em barda, roubadas ao cancioneiro pop chunga e adaptadas à “actualidade eleitoral”, disparadas de megafones presos nos tejadilhos de carros, que continuam a montar o circo.
Ainda não vi, mas de certeza que há, porta-chaves, canetas, t-shirts, bonés e mil e uma outras bugigangas (aposto que há fidget spinners) a serem distribuídos como amendoins no jardim zoológico.
[LER_MAIS] A humilhação gratuita de quem pouco tem e com pouco se contenta. Tal como o era para o elefante. Misérias e balelas em troca de benefício pessoal por mais quatro anos. “É para se lembrar em quem deve meter a cruzinha”, parece que os estou a ouvir, esbaforidos a descer a rua com a matilha de jotas, jotinhas e jotões a lamber-lhes os calcanhares. Os calcanhares e… enfim.
É assustador o rácio de lambe-botas por centímetro quadrado do ecrã da televisão por estes dias. Assustador, lamentável e vergonhoso. É possível que continuemos nisto? Mais de 40 anos de democracia e de eleições livres e contam-se pelos dedos de meia mão as campanhas de relevo político e social a que assistimos.
De resto, tudo um nojo de bitaites, soundbites disparatados e uma esmagadora maioria de meios de comunicação a amparar a estupidez geral. E o facto de ser geral é, só por si, ainda mais lamentável, assustador e vergonhoso. Já chegava de palhaçada, não?
* Editor-in-chief Vice Portugal