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Home Opinião

Dança

Paulo Kellerman, escritor por Paulo Kellerman, escritor
Novembro 26, 2020
em Opinião
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Fecha a porta e pergunta a si própria: qual vai ser a fantasia de hoje?

Pensa durante uns instantes e a primeira palavra que lhe surge no espírito é bailarina. Sorri. Aceita o desafio. Palavra inesperada, desafio cativante. Promete a si mesma: hoje vais ser bailarina.

Pousa o saco que traz consigo. Dá uns passos ao acaso, ainda indecisa sobre por onde começar.

Tenta focar-se, como se estivesse na iminência de executar uma tarefa exigente. Aproxima-se da janela, olha lá para baixo sem realmente ver, respira fundo, ajeita o cabelo. E inicia o trabalho.

Nesse mesmo momento, a sua mente começa a divagar. E dessa divagação nasce a fantasia.

É simples, basta pensar numa palavra e depois construir uma realidade à volta dela.

Realidades formadas por palavras pensadas, por imagens pensadas. Realidades internas, que se forem bem construídas conseguem ofuscar todas as realidades externas.

É isso divagar: permitir que a mente construa. Bailarina. Imagina-se a si própria com sete anos.

Imagina-se na sua cama, uma cama pequenina de criança num quarto pequenino de criança, à espera que a mãe venha e lhe sorria e lhe conte uma história e lhe dê um beijo; e volte a sorrir.

Sabe que a mãe virá, sabe que trará sorrisos. Sabe que o seu cheiro a tranquilizará, sabe que o seu toque a tranquilizará, sabe que a sua voz a tranquilizará.

É esse o superpoder das mães: tranquilizar. E enquanto a sua mente divaga, o corpo vai executando as tarefas previstas, de forma autómata e independente.

As suas mãos seguram um pano que se passeia pelos móveis da sala, em busca de pó. Mas na sua mente, essas mesmas mãos são mais jovens e tremem ligeiramente de ansiedade.

Tremem de expectativa quando a mãe entra no quarto pequenino de criança; agarram-se ao lençol com força, assustadas e ansiosas.

A mãe sente de imediato o nervosismo e pergunta o que se passa.

A criança fecha os olhos, o corpo estremece de aflição tal como se acabasse de mergulhar em água gelada; a respiração suspende-se durante um instante.

Mas quando a mãe lhe toca o rosto com a ponta dos dedos, numa carícia tranquilizante, a voz solta-se de imediato, sôfrega. “Oh mãe, é que eu já sei o que quero ser quando for grande, e é uma coisa tão boa e quero tanto, mas tanto, que até me dói o coração por ainda não ser grande e ter de esperar.”

Pára para respirar. Abre muito os olhos. “Quero ser bailarina, mãe. É isso que eu quero, muito, muito, muito.”

A mãe sorri, alegre. A criança sorri, aliviada.

A caça ao pó terminou, agora as mãos empurram um aspirador que se move lentamente. Mas num outro mundo, uma mão mais jovem ergue-se e dança.

Como num sonho. Será o corpo mais feliz quando os pensamentos se silenciam?

Ou será a dança a forma que o corpo tem de sonhar?

O seu corpo não está a sonhar; está a aspirar uma sala. Mas a mente divaga, fantasia; dança.

Etiquetas: opiniãoPaulo Kellerman
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