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Começa hoje mais uma edição das Festas da Batalha, esperando-se a visita de “milhares de pessoas”. Este é um dos muitos eventos que animam cidades, vilas e aldeias do País durante os meses de Verão e que alimentam vários negócios.
Aluguer de palcos e de grades, segurança privada, diversões, bandas, venda de bebidas, pirotecnia e produções de som e imagem são algumas das áreas onde a actividade aumenta. “As festas de Verão são bastante benéficas para este ramo de negócio, assim como para outros”, afirma Rui Muchenga, responsável pela empresa Rota do Lis.
“São eventos onde há muito consumo de bebidas, o que se reflecte na actividade e nos lucros dos fabricantes e dos distribuidores”. Agente e distribuidor Unicer para os concelhos de Leiria, Marinha Grande, Batalha e Porto de Mós, a Rota do Lis vende bebidas para algumas das maiores festas que se realizam na região.
Rui Muchenga diz, por exemplo, que ainda recentemente a empresa vendeu para uma festa na região 800 barris (de 50 litros cada) de cerveja à pressão. Esta é mesmo a bebida que mais se vende nas festas, mas também a venda de águas e refrigerantes aumenta devido a estes eventos.
Carlos Marques, responsável pela SicoDrink, confirma o aumento das vendas devido às festas de Verão. “Dão ânimo ao negócio, vende-se mais”. A empresa do concelho de Pombal vende para estes eventos sobretudo cerveja (90%), mas também vodka e outras bebidas. O empresário diz que tem havido um aumento das vendas para as festas e que os meses de Julho e Agosto pesam 20% no total da facturação da empresa.
Festa de Verão é sinónimo de baile ou banda a tocar. E para isso é preciso um palco. A Palco Móvel, de Monte Real, dedica-se ao aluguer de palcos e Joaquim Crespo, gerente, explica que a empresa trabalha sobretudo entre a Páscoa e Outubro. “As festas de Verão animam o negócio, claro”.
A empresa tem vários palcos móveis de diversos tamanhos e no Verão há fins de semana em que estão todos alugados. Se é verdade que algumas localidades mais pequenas deixaram de fazer festas, também é certo que outras estão a retomá-las. “Ainda na semana passada fui fazer um trabalho à Sertã, onde não havia festa há dez anos”.
Por outro lado, também há cada vez mais lugares a promover tasquinhas, onde esta empresa também coloca palcos. “Estes eventos trazem muito movimento às localidades, funcionam muito bem”, diz o empresário, que tem aumentado o aluguer de palcos nas tasquinhas.
“Já tiveram um peso grande”, mas actualmente as festas de Verão são apenas um “suplemento da actividade” anual da Produções Veríssimo, garante Joaquim Veríssimo, adiantando que a empresa “não sobreviveria apenas com o trabalho do mês de Agosto”.
Também a Banda Kroll trabalha todo o ano, mas é no Verão que faz mais espectáculos. Adelino Rito, um dos elementos do grupo, frisa que nem ele nem os sete colegas são profissionais da música e que todos eles têm os seus empregos, pelo que não encaram a banda como um negócio.
Mas “não faria sentido termos de pagar do nosso bolso para actuar”, diz, por isso o DR grupo cobra pelas actuações. “O que se ganha é para manter os equipamentos”, explica, lembrando que as actuações lhes exigem muito tempo, o que acaba por “prejudicar a família”.
Festa de Verão é igualmente sinónimo de foguetes e fogo de artifício. Desde os anos 60 que os irmãos Fernando, José e Agostinho Cardoso estão ligados a esta actividade. São os sócios da Pirotécnia Batalhense e confirmam que as festas de Verão “são fundamentais para o negócio”. Mas também frisam que já não é como antigamente.
“As comissões organizadoras gastam menos em fogos, até porque o preço das licenças para os queimar subiu muito”. Fernando Cardoso lamenta que uma comissão que compre 500 euros de fogos “pague o mesmo em licenças do que uma que compre 20 mil euros”.
A empresa da Batalha produz ao longo de todo o ano, “mas entre o Carnaval e a Páscoa não faz uma factura”. Por outro lado, neste ramo só se pode produzir para stock até ao limite permitido pela licença. “Vendemos menos do que antigamente. Agora, em Julho e Agosto, temos dias em que nem vimos à oficina, quando antigamente se trabalhava de noite e de dia”.
[LER_MAIS] Os sócios lamentam ainda que seja a pirotecnia a “arcar com as culpas” pelos fogos florestais, garantindo que o lançamento de fogos cumpre todos os requisitos exigidos pela lei.
Apenas pessoas credenciadas podem lançar os foguetes e fogos de artifício, e o local escolhido para o fazer tem de reunir condições de segurança. No local estão sempre extintores, abafadores e água, para acudir a alguma eventualidade.
No total, trabalham seis pessoas na empresa, não tem sido preciso contratar mais no Verão. Além das actividades que dependem directamente das festas de Verão, a realização destes eventos contribui igualmente para animar os negócios instalados nas localidades onde se realizam.
Na Batalha, além dos espectáculos e da gastronomia, haverá durante os próximos dias uma mostra de actividades económicas, com a participação de 15 empresas. A Capmel é uma delas.
Albino Gaspar, presidente desta cooperativa, acredita que as festas animam a economia local e permitem à marca dar-se a conhecer, embora as vendas não sejam significativas. As vendas da Adega da Batalha para as festas “têm algum peso”.
Por outro lado, a presença da empresa naquela mostra serve para divulgar a marca, já que as vendas directas ao público são menos significativas, diz Joaquim Fialho, que partilha igualmente a opinião de que estes eventosanimam a economia local.
Paulo Batista Santos, presidente da Câmara da Batalha, destaca o forte envolvimento das associações do concelho nos festejos, realçando que o retorno das Festas da Batalha “se reveste de grande importância para a economia local e para o comércio tradicional”.
Em Pombal, as Festas do Bodo (de 27 de Julho a 1 de Agosto) atraíram igualmente milhares de pessoas, o que animou a economia local. “Nesses dias há sempre uma grande afluência e temos sempre clientes novos”, afirma Margarida Tomás, proprietária do restaurante Vintage.
Por outro lado, também as empresas que marcam presença na mostra de actividades económicas incluída nas festas se mostram satisfeitas. “O feedback que vamos tendo dos empresários e das empresas presentes foi positivo”, assegura Diogo Mateus, presidente da Câmara.
Das 30 empresas de diversão itinerante existentes em Portugal, 70% têm sede na zona de Pedrógão Grande. E muitas foram afectadas pelos incêndios de Junho, o que vem dificultar ainda mais a sua já complicada situação, sustenta Luís Fernandes, presidente da associação do sector. “Vivemos das festas, mas as pessoas têm cada vez menos dinheiro para gastar”.
Luís Fernandes explica que, ao contrário do que acontece com outros negócios, as diversões não só não recebem das comissões organizadoras para assegurar serviço nas festas como ainda têm de pagar o aluguer do terreno onde instalam os equipamentos.
Por isso, há há muitas festas onde não há diversões. “Vamos apenas àquelas onde a margem de lucro ainda dá para as despesas”. Mas há excepções. “A Batalha não cobra. E oferece a luz e a água, garantindo assim a presença de equipamentos de diversão. Só meia dúzia de câmaras no País fazem isto”, frisa Luís Fernandes.
Um outro empresário deste ramo, que prefere não ser identificado, frisa igualmente que muitas empresas, só vão às festas “com gente suficiente” para assegurar receitas. “Antigamente toda a família andava nas diversões.
Agora muitos pais até tentam desviar os miúdos das diversões, porque não têm dinheiro para gastar. Gostaríamos que os preços fossem mais baratos, mas não é possível porque temos muitas despesas”.
