A Linha do Dão, antiga linha ferroviária entre Santa Comba Dão e Viseu, desactivada em 1988, foi transformada, em 2011, na Ecopista do Dão.
Com 49 quilómetros de extensão é a ecopista mais comprida de Portugal e pode ser percorrida a pé ou de bicicleta, sendo vista como um conceito revolucionário em termos turísticos e de captação de público.
Ganharam as empresas de aluguer de bicicletas, ganharam a restauração e a hotelaria, bem como as empresas de organização de eventos.
Na actual sociedade com grandes preocupações ambientais, de sustentabilidade e de saúde, este tipo de equipamentos capta cada vez mais dinheiro e turistas.
É neste cenário que surge a ideia de ligar as nascentes dos rios Lis (Leiria) e Lena (Porto de Mós) à foz, na Praia da Vieira, no concelho da Marinha Grande, um projecto que, há muito, está a ser estudado.
Os Executivos municipais da Batalha e de Porto de Mós têm já nas mãos a maior parte do processo da “Ciclovia do Lena (Porto de Mós- Batalha”, que segue junto ao percurso do leito do Rio Lena entre a nascente e a fronteira com o concelho de Leiria, e deverão apresentá-la em breve na CIMRL, a fim de captar verbas.
“O projecto envolve dois municípios e é necessário uniformizar a tipologia de percurso e critérios a ter em consideração. No momento, estamos na fase final de elaboração da ligação entre o centro da vila de Porto de Mós e o da vila da Batalha. Esta ciclovia urbana irá ligar os dois concelhos através de ciclovia para bicicletas e um passeio para circulação pedonal”, anuncia o vice-presidente da autarquia e vereador do Desporto, Cultura, Turismo e Ambiente, Eduardo Amaral.
A jusante, na Batalha, a Ecovia Collipo ao Vale do Lena, como ali se irá chamar, continuará a ligação até ao limite deste concelho com o de Leiria.
O presidente da Câmara da Batalha entende que a ecovia permite valorizar a paisagem ribeirinha e promover a valorização e conhecimento do património natural da Bacia Hidrográfica do Lis, reforçando o papel de outras sedes de freguesia, como a Golpilheira, no desenvolvimento local.
“Considerando a meta preconizada de aumentar o número de visitantes por ano, a passagem da ecovia pela antiga cidade romana de Collipo, reforça os objectivos de promoção, valorização e captação de fluxos turísticos atendendo à importância arqueológica do local”, afirma Paulo Batista Santos.
Em Leiria, onde os rios Lis e Lena se juntam, a autarquia refere que “o trabalho está a ser desenvolvido”, embora, o presidente da Câmara, reconheça que, neste momento, não está no topo das prioridades, por se considerar que as novas medidas motivadas pela pandemia e constantes do novo conceito de mobilidade, que será anunciado esta semana e que incluiu ciclopistas dentro da cidade, têm primazia.
Gonçalo Lopes admite, contudo, que no, futuro, essa obra poderá trazer ganhos turísticos, de saúde e de lazer, como aconteceu no Dão.
“Após o estádio, em direcção à Vieira, os trabalhos serão mais rápidos e fáceis, mas é preciso resolver questões de propriedade nas margens, a montante da cidade”, ressalva.
Embora, por lei, seja crime vedar o acesso às zonas ribeirinhas, que são do domínio público, há várias propriedades, entre Leiria e a nascente do Lis, onde é impossível chegar às margens do rio Lis.
[LER_MAIS]Por fim, no concelho da Marinha Grande, à pergunta sobre como está o processo a resposta é um lacónico: “este projecto encontra-se em fase de elaboração”.
Em Porto de Mós, concelho que participa, ao lado da Batalha, Leiria e Marinha Grande, no projecto de criação de uma ecopista que ligará as principais nascentes da bacia hidrográfica do Lis à foz, está a ser estudada a viabilidade de instalação de ciclovias e a sua localização, de forma a dar resposta às necessidades das populações no âmbito do Plano Mobilidade Urbana Sustentável.
O vice-presidente da autarquia e vereador do Desporto, Cultura, Turismo e Ambiente, Eduardo Amaral explica que já se encontra concluído o projecto da ciclovia da Fonte dos Marcos a Porto de Mós, para o qual foi apresentado uma candidatura a financiamento.
A ecovia Alcaria – Alvados está em fase de projecto, bem como a ciclovia do Lena.
“Queremos investir em ciclovias ou vias pedonais que promovam modos de transporte não motorizados para uso da população”, diz Amaral, salientando a necessidade de adoptar soluções “inovadoras e experimentais de transportes” adequadas aos territórios de baixa densidade populacional.
Para atingir este objectivo, foi criada uma parceria com o Politécnico de Leiria, no âmbito da mobilidade.
Uma das ideias em avaliação será criar um sistema de bicicletas eléctricas que, no entanto terá de ser adequado à realidade concelhia, cujas características, com uma “orografia difícil”, são bastante diferentes da malha urbana de Leiria.
Neste momento, contudo, as duas rodas têm uma grande implantação do ponto de vista desportivo, da saúde e bem-estar. Está a decorrer a marcação de 700 quilómetros de percurso pedestres, BTT e trail no concelho.
No concelho da Batalha, estão em curso três projectos de construção de ciclovias e ecovias, todos alvo de candidaturas a fundos comunitários e com âmbito municipal e intermunicipal.
Segundo a autarquia, o investimento previsto supera os dois milhões de euros para a promoção de padrões de mobilidade suave no território, com utilização de meios de transporte não poluentes e incentivando a prática desportiva.
Na zona urbana da Batalha, está contemplada a construção de uma ciclovia urbana entre a Rotunda da Cidade de Trujillo e o cruzamento com o Casal Novo, no lugar de Casal do Quinta.
A via será requalificada, criando condições para a mobilidade urbana com ciclovia e via pedonal, para melhorar as condições de segurança para a circulação viária, ciclável e pedonal, reduzindo os acidentes nesta via rodoviária.
Além disso, está também prevista a construção de um interface, no centro da Batalha, melhorando as condições de acesso aos transportes públicos e a modos de mobilidade suaves.
“As novas gerações, incluindo os estudantes universitários nacionais e internacionais, tendem a preferir veículos de mobilidade suave e não poluentes, como é o caso das bicicletas e trotinetes. Com a construção das ciclovias e ecovias previstas no nosso território até ao limite do nosso concelho com o de Leiria, os estudantes do ensino superior não demorarão mais do que 15 minutos até ao pólo do Politécnico em Leiria, através de um bicicleta”, entende Paulo Batista Santos, presidente da autarquia.
O autarca adianta que, no concelho, haverá quatro pontos de bike sharing gratuitos, com bicicletas eléctricas, um deles junto à futura residência de estudantes.
Marinha Grande quer aumentar rede de ciclável
A Marinha Grande também está a investir na extensão da rede ciclável e pedonal, e na recuperação da rede ciclável já existente, que conta com 35 quilómetros de via.
Um dos objetivos é a ligação do centro da cidade à Zona Industrial Casal de Lebre, a maior do concelho, num trajecto que a autarquia entende que “promoverá os movimentos pendulares de bicicleta de milhares de pessoas”.
O potencial turístico, neste concelho à beira-mar, também não é descurado.
“Recuperámos a ciclovia de São Pedro e foi colocado um Percurso Interpretativo das Lendas de São Pedro de Moel. Com a obra da requalificação da conduta adutora entre São Pedro de Moel e os depósitos do Alto dos Picotes, está incluída a requalificação da ciclovia ao longo da estrada de São Pedro”, esclarece a presidente da Câmara, Cidália Ferreira.