Afonso Domingos tem 16 anos, acabou de transitar para o 11.º ano, na área de Economia, mas decidiu que iria, pela primeira vez, aproveitar as férias escolares para trabalhar. Teve conhecimento de que a Associação Regional dos Industriais de Construção e Obras Públicas (ARICOP) de Leiria e Ourém estava a lançar a primeira edição do programa Summer Ramp e não se fez rogado.
Natural da Batalha, Afonso está há cerca de três semanas a trabalhar na Cimalha, empresa de construção, onde desempenha diferentes funções. Presentemente está no escritório, a tratar de relatórios, documentos sobre inspecção de viaturas e outras burocracias. “Depois, penso que irei passar também pelas obras, para fazer medições e dar outro apoio”, antecipa o jovem. Tem sido um período “muito bom”, que serve para “ocupar o tempo, ganhar experiência” e “juntar algum dinheiro”, que poderá ser útil[LER_MAIS] quando ingressar na universidade, refere o estudante.
Afonso é um dos cinco jovens, dos 16 aos 20 anos, alunos do secundário e do ensino superior, que estão a participar nesta primeira edição do Summer Ramp, e que estão a exercer funções em cinco empresas da região, dedicadas à construção de edifícios, obras públicas e fabrico de estruturas metálicas. Desde Julho e até Setembro, a ARICOP desafia os jovens, a partir dos 16 anos, a participar no Summer Ramp, um programa de férias a trabalhar, que decorre nos concelhos de Leiria, Marinha Grande, Batalha, Pombal e Ourém, e que visa “ocupar os tempos livres de forma construtiva e com remuneração”.
Esta primeira edição está a correr bem, com 17 jovens inscritos, refere Nuno Margarido, secretário-geral da ARICOP.
Iniciativa onde todos ganham
São de resto várias as empresas da região que abrem as portas para estágios de Verão, iniciativa onde todos ficam a ganhar. Dedicada a soluções de realidade aumentada, a startup de Leiria Glartek avança este ano, pela segunda vez, com estágios de Verão. “Temos quatro estagiários, do Politécnico de Leiria, do Instituto Superior Técnico e da Universidade Nova de Lisboa, todos da área informática”, explica o CEO, Bruno Duarte.
“São estágios de três meses, não remunerados, com ajudas para alimentação e deslocação, com um pequeno prémio no final”, prossegue o empresário. “Em Leiria, o nosso objectivo é captar talentos. Fora de Leiria, o objectivo é fazermos alguns testes de produto, recorrendo a este conhecimento académico”, conta Bruno Duarte.
Dedicado às novas tecnologias de informação, também o universo inCentea tem promovido diversos estágios de Verão, por onde terão passado várias dezenas de jovens, conta o presidente do Conselho de Administração, António Poças. “Temos a obrigação de ajudar o sistema de ensino a preparar melhor as pessoas”, defende o responsável.
“Temos de trabalhar em conjunto com as instituições de ensino. As aprendizagens só se conseguem na prática”, entende António Poças, lamentando que, ao contrário de que sucede noutros países, em Portugal não se valorize nem incentive os jovens a trabalhar durante as férias. Apesar de nem sempre ser fácil acompanhar e ensinar os estagiários, este grupo de Leiria acredita que a experiência dos jovens na inCentea pode ser por eles partilhada com outras pessoas, podendo até resultar em contratações.
Na área da transformação de madeira, produção de paletes e pellets, também a Martos, de Leiria, costuma promover estágios académicos e profissionais e, não raras vezes, integra alguns destes jovens na empresa, explica Leonel Marto, responsável pela indústria.
Com uma aluna da Universidade de Aveiro, exemplifica, que estagia na área da economia circular e sustentabilidade, a empresa ganha conhecimento trazido pela estudante, ao mesmo tempo que ela tem oportunidade de aplicar conceitos na prática, em contexto real, salienta Leonel Marto.