De regresso ao estrangeiro, a Musicalmente apresentou os Concertos para Bebés em Espanha com convidados muito especiais: dois dos primeiros alunos do Berço das Artes, programa âncora da Escola de Artes da SAMP criada em 1992.
De crianças nas aulas de música, teatro, dança e expressão plástica nos Pousos, os irmãos Gonçalo Pereira e Pedro Pereira passaram a solistas (fagote e contrafagote) nos seis espectáculos da companhia de Leiria em Bilbao, realizados nos dias 21, 22 e 23 de Janeiro, com base no programa Sordunas e Outras Guloseimas.
Gonçalo Pereira, 40 anos, é actualmente professor no Orfeão de Leiria, na Escola de Música de Nossa Senhora do Cabo em Linda-a-Velha e no projecto social Novos Horizontes, além de colaborar, como músico, na Orquestra de Câmara Portuguesa e noutras.
Pedro Pereira, 38 anos, é primeiro sargento na Banda Sinfónica da GNR e como músico contratado toca regularmente com a Orquestra Municipal de Sintra, entre outras.
O percurso de ambos está intimamente ligado à SAMP – Sociedade Artística Musical de Pousos, logo desde a infância. Primeiro na filarmónica, depois na Escola de Artes. Ali assistiram, também, em 1998, ao nascimento dos Concertos para Bebés, dirigidos por Paulo Lameiro e actualmente com Alberto Roque (saxofone barítono e ocarina), José Lopes (saxofone alto, soprano e cavaquinho), Pedro Santos (acordeão), Isabel Catarino (voz), Cristiana Francisco (voz) e Inesa Markava (voz e movimento) na equipa de residentes. “São para nós ídolos enquanto músicos. E foram nossos professores”.
Gonçalo Pereira e Pedro Pereira já antes tinham acompanhado a Musicalmente, nomeadamente, em Espanha, no ano de 2020. Cada vez que o fazem, são transportados para as primeiras aprendizagens obtidas na SAMP. “Os nossos pais foram também dinamizadores da Escola de Artes, voluntários, ajudavam com secretaria, transportes e inúmeras funções que eram necessárias”.
Por motivos diferentes, ambos chegaram ao mais grave instrumento de madeira da família dos sopros. Quando começaram, “a Filarmónica dos Pousos foi a primeira a ter fagotes” na região “entre Coimbra e Lisboa”. Fiéis à escolha, hoje encontram-se com frequência no palco, o que dizem ser “um prazer”.
Sem antecedentes familiares, a carreira ligada à música é possível, também, graças às boas experiências vividas na adolescência, enquanto instrumentistas, em concertos “que estão gravados na memória”. A “experimentação artística” e “algumas das ideias” com que contactaram na SAMP, à época, observam-nas, agora, nos Concertos para Bebés, a que já assistiram como espectadores, acompanhados pelos filhos.
A presença de famílias inteiras, e, ao mesmo tempo, de músicos profissionais, na plateia, é, aliás, recorrente nos Concertos para Bebés, em Portugal e no estrangeiro. São espectáculos “interessantes não só para os bebés como para os pais”, explicam Gonçalo Pereira e Pedro Pereira. “O que é diferente é a qualidade. Os músicos são excelentes, tudo ali está muito bem estruturado”.
Só assim, com a certeza de que o mais importante é sempre “a interacção com o público”, é possível apresentar programas que incluem excertos do Requiem de Verdi ou de sonatas de Mozart. Como sucedeu, de resto, no último fim-de-semana, em Bilbao.