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Cristiana Pinto é presidente da Juventude Socialista e deputada municipal em Leiria. A jovem estudante de Ciência Política e Relações Internacionais passou pela Assembleia dos Jovens Deputados organizada pela Câmara de Leiria. O bichinho pela intervenção pública já existia, mas a sua participação em representação da Escola Secundária Afonso Lopes Vieira aguçou ainda mais a expressão política na sua vida.
“Esse tipo de projectos faz todo o sentido. Ajuda a fomentar o espírito crítico nos jovens e mostra o funcionamento do poder local”, afirma Cristiana Pinto, ao referir que uma das propostas que levou à assembleia dos jovens foi “apostar mais na divulgação das assembleias municipais junto dos jovens” e “promover” o seu papel. Hoje, enquanto a mais jovem deputada eleita na Assembleia Municipal de Leiria, Cristiana Pinto garante que se esforça por cumprir a sua parte.
A presidente da JS admite que a sua participação nesta iniciativa – mais até do que o envolvimento no Parlamento dos Jovens – moldou um pouco o seu percurso académico e político. “O poder local é importante. Agora que estou numa assembleia à séria posso debater outro tipo de assuntos mais relacionados com as necessidades e os problemas que enfrentamos todos os dias”, adianta, elogiando o facto da câmara esforçar-se por manter este tipo de debate.
Ricardo Abreu é primeiro suplente do PS na Assembleia Municipal de Leiria. O estudante de Engenharia Aeroespacial também acentuou o interesse pela causa pública nas duas sessões em que participou na iniciativa dirigida aos jovens. “Lembro-me que o tema era sobre Leiria e tínhamos de apresentar propostas para a cidade. A participação ajudou-me a conhecer Leiria, a perceber os desafios, as carências e os pontos fortes, assim como o funcionamento da câmara e da Assembleia Municipal”.
Ricardo Abreu acredita que começou a desenhar o seu percurso político e a ganhar consciência sobre a causa pública e o debate democrático, aos 15 anos. “O bichinho estava lá, mas foi crescendo. Quando se realizou o Parlamento dos Jovens, o então deputado António Sales foi à minha escola. Temos uma ideia má da política, mas a forma como falou e a humildade que demonstrou cativou-me e fez-me dizer: quero participar na vida pública”, conta.
Agora, assume que tem “uma verdadeira responsabilidade” ao estar na Assembleia Municipal. “Tenho o meu percurso académico, mas estou 100% disponível para a causa pública e para servir a população, o poder local ou algo que o partido entenda que posso ser útil”, reforça. A assembleia dos pequenos e jovens deputados existe há cerca de duas décadas.
Vítor Loureço, ex-vereador do PSD, recorda que no final dos anos 90 a autarquia já tinha uma iniciativa dedicada aos jovens. Aos poucos, o evento foi tendo algumas transformações e passou a ser um marco no concelho de Leiria, reunindo várias escolas públicas e privadas. António Sequeira também liderou várias reuniões dos pequenos e jovens deputados enquanto presidente da Assembleia Municipal de Leiria. “Levava muito a sério essas assembleias. Escolhia sempre jovens de géneros diferentes para serem meus secretários. Uma das minhas grandes preocupações era desmistificar o mito de que na política são todos maus e corruptos”, conta.
O socialista desafiava ainda os jovens a serem mais participativos para que pudessem trazer “ar puro à política e defendessem a causa pública”. Segundo António Sequeira, as assembleias dos pequenos deputados são sempre uma “lição” de organização política e de “democracia”. “Tenho a certeza que alguns dos problemas levantados tiveram a intervenção da autarquia como a questão dos transportes urbanos”.
Na quinta-feira, realizou-se mais uma sessão para as crianças dos 3.º e 4.º anos do 1.º ciclo. “Ideias grandes de gente pequena” foi o slogan escolhido para desafiar os alunos a apresentarem propostas relacionadas com o desporto e o brincar. No período antes da ordem do dia, o povo ucraniano foi lembrado por várias escolas presentes, que apresentaram um voto de pesa
r. Muito cientes das suas responsabilidades, os alunos sujeitaram à votação as suas propostas, não tendo nenhuma sido aprovada por unanimidade. Célia Afra, vice-presidente da Assembleia Municipal, liderou os trabalhos, a sua estreia perante deputados mais pequenos. “A condução dos trabalhos foi muito fácil. Só tive de pensar na forma mais acessível, utilizando uma linguagem mais adequada a estas idades, para lhes apresentar o poder local e explicar como funciona”, afirma. A deputada realça que “os miúdos são muito criativos” e é “bom que tenham estas vivências para perceberem como é que a democracia funciona e como se pode construir um futuro melhor”.
Anabela Graça, vereadora da Educação, ouviu atentamente todas as ideias apresentadas e no final agradeceu os contributos. “Foi uma lição de cidadania o que trouxeram”, salienta, ao referir que algumas das sugestões “têm de se ir fazendo”, de acordo com as prioridades. “No final do ano fazemos sempre a prestação de contas sobre os projectos do ano anterior. Habitualmente são projectos que vários vereadores têm de dar resposta. Temos o registo daquilo que foi feito e não foi feito. Levamos muito a sério todas as deliberações”, adianta ao JORNAL DE LEIRIA.
A vereadora explica que a autarquia lança um tema, sobre o qual pretende ouvir os alunos. “Queremos que a voz deles nos ajude a decidir. O tema vem sempre no sentido de uma melhoria. Há propostas que já temos perfeitamente identificadas”, diz, ao afirmar que é importante dar atenção às propostas para que os jovens percebam “que a sua participação é válida porque alguém os ouve e lhes dá resposta”.
