De volante e raquete nas mãos, crianças aprendem badminton entre brincadeiras

Dar três toques seguidos com o volante na raquete. Este foi o primeiro desafio dos alunos do 2.º ano da Escola Básica da Barosa, no concelho de Leiria, que já desde o ano passado recebem a visita do Clube de Badminton de Leiria.

“É como se fosse pingue-pongue!”, ouve-se ao fundo do campo desportivo, depois de outra criança exclamar “é ‘bué’ difícil”.

Vêem-se volantes a esvoaçar, a cair no chão ou a ir para o lado oposto que se pretendia. Aos poucos, ouvem-se as crianças a gritar de euforia quando conseguem dar o terceiro toque com a raquete. Ou até mais. “Treinador, já consegui dar três! E eu consegui quatro!”

É entre brincadeiras que Nelson Lopes, presidente do Clube de Badminton de Leiria, explica as regras da modalidade e os truques para controlar o volante que passam, sobretudo, por manter o volante “sempre longe do corpo”.

A última visita do Clube de Badminton de Leiria (CBL)à Escola Básica da Barosa aconteceu na sexta-feira, 25 de Maio, e todos os alunos saíram durante cerca de meia hora das salas de aula para pegar nas raquetes.

“Esta é uma iniciativa que se enquadra na visão que temos de chegar aos miúdos mais novos, ainda em idade pré-escolar e 1.º ciclo, que não têm acesso ao desporto escolar, porque só começa no 5.º ano”, explica Nelson Lopes, presidente do CBL.

O clube leiriense leva todo o material necessário para a actividade, que toma o nome de Escola de Badminton Miguel Alves, um antigo atleta do clube que, quando dava os primeiros passos na modalidade, acabou por falecer.

Esta homenagem permite “dar a conhecer o badminton a esta geração mais nova”. “Quanto mais cedo estiverem em contacto com a modalidade, mais conhecedores e interessados ficam e proporcionamos uma experiência nova”, constata o responsável do CBL.

Até ao momento, a iniciativa decorre somente na Escola Básica da Barosa e o CBL está disponível para levar o badminton até outros centros escolares do concelho que manifestem o seu interesse.

Há quase um ano que o clube de badminton visita estes alunos da escola da Barosa e nota-se a evolução de cada um. “Já começamos a ter a percepção dos miúdos que conseguem corrigir uma trajectória e bater um volante, mesmo a fugir com o vento”, comenta o treinador.

Dentro de campo, as crianças reúnem-se em grupos e passam o volante entre elas. Clara Sebastião, de sete anos, dedicou toda a sua energia a esta actividade. A concentração era total, tudo para fazer um passe direito e controlar o volante. “É divertido, mas é preciso praticar”, afirmou antes de voltar para junto dos amigos que jogavam com ela.

Também Filipe Queirós, de oito anos, admitiu que o badminton é “fixe”, apesar de o seu coração estar já conquistado por outra modalidade. “É bom, mas o futebol é melhor”, brincou.

Por outro lado, Matilde Roque, também de oito anos, confessou que o desporto é “difícil” de aprender, mas nem por isso desistia quando um volante vinha na sua direcção.

Badminton tem pouca expressão

Mesmo sendo uma das modalidades “mais praticadas no mundo”, com presença nos Jogos Olímpicos, Nelson Lopes lamenta o facto de o badminton ter pouca expressão em Portugal e, apesar de estar no programa do Desporto Escolar, “nem sempre é dado com a intensidade ou qualidade que deveria ter”.

“O professor, se estiver mais à-vontade com uma modalidade, vai priorizar essa modalidade em detrimento de outras”, explica o presidente do CBL, ao afirmar que o clube está disponível para ajudar o corpo educativo a conhecer melhor a modalidade, para ser introduzida com mais frequência nas escolas.

Porque é nas camadas mais jovens que está o futuro do badminton. “O CBL tem crescido, mas precisa destas bases. Porque aqueles que competem hoje vão para a universidade e muitos acabam por deixar de ter oportunidade de competir. Precisamos sempre de ir alimentando a modalidade e nada melhor que dar a conhecer aos mais pequeninos”, reflectiu o dirigente.

Não obstante, a prioridade de cada iniciativa da Escola de Badminton Miguel Alves é “proporcionar [às crianças] um contacto com a modalidade”.

Em escolas que disponham de campos desportivos indoor, o CBL tem disponibilidade para dar treinos uma vez por mês. Quando os centros escolares não têm um espaço fechado, as visitas ficam dependentes das condições climatéricas.