A morte de um ditador é uma coisa boa? E deve ser celebrada? O colectivo Serra pergunta e provoca e numa instalação que também é performance, com o título Death of a Dictator, coloca em perspectiva a brutalidade do fim de figuras como Benito Mussolini (assassinado com a amante, Clara Petacci, corpos pendurados em praça pública), Nicolae Ceaușescu (executado por fuzilamento com a primeira dama e vice-primeira-ministra, Elena Ceaușescu) ou Luís XVI e Maria Antonieta (decapitados na guilhotina).
Excepções que confirmam a regra de uma moral de abolição da pena capital? Durante a encenação do enforcamento de Saddam Hussein, por exemplo, “ouve-se Jimi Hendrix a tocar o hino americano”, descreve Leonardo Rito, que, com Pedro Marques e Telmo Soares, partilha a direcção artística do projecto, em apresentação esta quarta-feira, 24 de Abril, depois das 21:30 horas, no centro de experimentação artística Casa Varela, em Pombal.
“Pomos as cartas em cima da mesa e cabe ao espectador decidir”, comenta Leonardo Rito com o JORNAL DE LEIRIA. “Pode ver, avançar, retroceder, voltar a ver… o que percebi na primeira edição [Caldas Late Night, em 2022] é que cada pessoa tinha uma reacção diferente. Uns evitavam olhar, outros nem pestanejavam”.
Sem moralismos, o colectivo Serra, de Leiria, propõe “abrir espaço para a conversa”, explica Telmo Soares. “Como as imagens são fortíssimas, criam um choque, à partida, e esperamos que o choque leve a alguma reflexão”.
São nove mortes, que incluem também Adolf Hitler, Leão X, Júlio César, Cleópatra e António de Oliveira Salazar. Um outro modo de pensar o 25 de Abril e a transição do totalitarismo para a democracia.