Na sequência do artigo anterior, volto a este assunto agora após as eleições. Existia a expectativa de que o período de campanha permitisse conhecer melhor os deputados candidatos a representar esta região de Leiria, as suas propostas, ideias e projetos, a sua estratégia para o futuro em termos de planeamento e desenvolvimento e quais os compromissos reais e sustentados que assumiriam perante os eleitores.
Assim como tivessem a ousadia de efetuar uma campanha ativa, baseada num combate político frontal e esclarecedor, que galvanizasse o eleitorado e criasse um novo entusiasmo, mobilizando-o e fazendo-o acreditar nos desafios futuros e no seu impacto nesta região, e consequentemente, na sua vida pessoal, familiar e profissional.
No entanto, salvo uma ou outra honrosa exceção, mais uma vez isso não aconteceu e perdeu-se mais este momento.
Daí que já não seja de estranhar os valores elevados de abstenção, que a nível local e nacional se repetem continuadamente, sempre com os diversos responsáveis políticos a expressarem lamentos e motivos para preocupação e reflexão, que não resistem à manifestação do próprio dia, ficando tudo na mesma.
Porque os tempos mudam, os problemas persistem e outros surgem, com necessidade de uma visão de futuro inovadora, impõe-se uma adequação e mudança no estilo e na forma das campanhas e no conteúdo das mensagens transmitidas, sob pena da sua desvalorização, se não forem entendidas como credíveis, transparentes, ponderadas, oportunas, ousadas e sobretudo concretizáveis.
É nesse sentido que o exercício da política [LER_MAIS] deve galvanizar as populações, ser dinâmico, lutar por causas, assente na vontade legítima dos eleitores e sem gerir expetativas se não se está à altura de lhes corresponder, contrariando as manifestações de desinteresse e desencanto pela política.
Passadas as eleições, e apesar de não se ter conhecido algum, o que necessariamente deveria ter acontecido, que seja agora assumido que projeto global merece Leiria, já que dispõe das melhores condições para ter finalmente um lugar de destaque no todo nacional.
Para isso é necessário os deputados eleitos aprofundarem mais a relação da comunidade com os interesses e expetativas desta região, de modo a que, conjuntamente, seja possível existir força política para garantir um posicionamento que deveria ser óbvio e imediato, mas que infelizmente ainda não o é, face às resistências que ainda vão imperando.
Um projeto político global inovador para a região de Leiria é o grande desafio nos tempos futuros, em que tem de existir novamente um rumo e uma orientação sustentada em fatores de dinamismo e desenvolvimento.
Não de retórica inconsequente, mas de factos e ações reais, sem tibiezas, nem submissões, nem procura de boas graças a pensar em motivações pessoais, mas sim de atitude determinada, com firmeza, persistência e ousadia, sem receio de intervenção num interesse coletivo em prol de decisões que se impõem para esta região e de acordo com as metas a que os deputados se propuseram.
Este deve ser o compromisso que vai definir e caracterizar aqueles que agora têm a responsabilidade de representar os eleitores da região de Leiria.
*Médico
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990